Capítulo 07

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"O que importa não é o que acontece, mas como você reage."
Epicteto

— Onde você esteve, garota? Você não apareceu nas aulas? — perguntou Manu, notei uma preocupação em sua voz.

Uma brisa passou por nós, fazendo os pelos do meu braço arrepiar. Cruzei os braços, esperando impaciente Aaron para ir embora, já que eu não podia ir andando, porque era um longo caminho até lá, então só me restava ele, o que odiava obviamente. Não queria olhar para a cara de Aaron depois das coisas que ele falou para Yuna e sabe-se lá mais quem. Não apareci na aula para não encontrar Charlotte e suas amigas, estava fugindo de olhos cravados em mim e sussurros.

— Não me senti bem — menti.

— Então, por que não me avisou? Tipo, você disse que ia se trocar e estou vendo que seus olhos estão vermelhos. Ou você chorou ou está chapada — olhei para ele incrédula, franzindo o rosto.

— Chapada?

Ele levantou uma sobrancelha, cravando os olhos em mim.

— Sim, não é coisa anormal por aqui — explicou, dando de ombros.

— Eu não tô chapada, como eu disse, não estava me sentindo bem.

Ele não pareceu acreditar, porém não retrucou.

Naquele momento, queria distinguir se Manu era verdadeiro ou tão falso como os restos dos alunos daqui, porque ninguém parecia ser verdadeiro aqui.

— Então é aqui que você está, te procurei em todos os lugares — Aaron apareceu em meu campo de visão sozinho, encarou Manu e se voltou para mim, o qual devolvi com um olhar seco.

— Não em todos, pelo jeito — respondi rispida, suas sobrancelhas se ergueram com meu tom de voz. Aaron despertou a pior face de mim.

— Bom, eu vou indo, tchau — disse Manu, me dando um olhar de cumplicidade.

Olhei seu carro se afastar até se tornar uma sombra. Aproveitei para dar as costas a Aaron e caminhei em direção ao seu carro estacionado. Ele me seguiu, é claro, que me seguiu era o seu carro.

Ele segurou meu braço, virando-me para ele. Houve uma certa brutalidade, mas não acho que ele tenha percebido de qualquer forma.

— O quê? — murmurei.

Aaron estudou meu rosto minuciosamente.

— O que aconteceu? Está irritada comigo?

Cerrei os dentes e olhei para além dele.

— Não estou.

— Não está? Você nem está olhando para mim.

O fitei. Seu rosto estava franzido.

— Agora estou — sibilei, puxando minha mão de volta; sua carranca só aumentou.

— Por que está tão brava comigo?

Franzi as sobrancelhas.

— Por que se importa, Aaron?

— Eu tenho que saber por que você está assim para ver se vale a pena esse seu estresse.

Aaron era, acima de tudo, um cínico. Virei-me novamente na direção do carro, mas ele encostou o corpo na porta do passageiro, me impedindo de entrar.

— Não vamos sair daqui até me contar o que aconteceu.

Bufei irritada.

— Me deixa em paz — rosnei.

— Me conta logo que merda aconteceu? Estou vendo que o seu problema é comigo — insistiu.
Contrai os lábios e semicerrei os olhos na sua direção.

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