Quando subo na moto, respiro fundo, um pouco medrosa. Coloco as mãos ao lado do quadril, me apoiando na moto.
— Não rosa, você tem que segurar em mim. — Ele pega as minhas mãos e as envolve em sua cintura, onde eu tento relaxar e apoiar a cabeça em suas costas.
Enquanto ele se ajeita, falo:
— Vai devagar. — Peço.
— Segura quando eu arrastar a placa, ok? — Ele brinca, e eu imediatamente dou um tapa em seu braço.
— Ao invés da placa, eu arrasto sua cara, se você fizer isso. — Falo.
— Pra quê agredir, Ana Flávia? — Ele brinca, me fazendo gargalhar, até ele girar a chave e a moto roncar um barulho amendrontador
Quando ele começa a andar, sinto um frio na barriga, e o vento bate com pressão em meus cabelos, me fazendo tirar o lacinho e deixá-los soltos, segurando firme na barriga de Mioto.
— Vai de-va-gar! — Soletro em seu ouvido, o fazendo rir e diminuir a velocidade.
Ele para em um lugar branco e moderno. Eu desço da moto, entrando imobiliária e chamando o cara da recepção.
— Moço, eu perdi minha chave, e queria uma reserva, ou uma cópia...tem como? — Pergunto.
Ele me pergunta meu endereço, e depois de assinar alguns papéis, finalmente consigo a chave. Não faço ideia de onde a outra foi parar.
— Conheci seu nome inteiro, sua data de aniversário, cidade natal, CPF, documento... — Gustavo resmunga, quando saímos do lugar.
— Pelo menos consegui minha chave. — Balanço a chave na frente dele.
Assim que Mioto estaciona na frente da República, ele desce na calçada junto comigo e me dá as minhas coisas.
— Obrigada, quer que eu te dê a blusa? — Pergunto.
— Não, pode ficar. Pode fazer uma coleção delas, já que elas ficam melhor em você. — Ele sorri.
Depois de alguns segundos sem saber agir, me aproximo dele e dou um beijo em sua bochecha, dando um sorrisinho tão rápido que nem sei se realmente dei.
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