Eu o olho por um longo momento, sem acreditar em nada. Não sinto meu corpo, e o vazio no peito se dá lugar à uma bomba de sentimentos.
Começo a o encarar.
Meu Deus.
Ele está exatamente como antes.
Meus lábios formam um sorriso triste, enquanto continuo o encarando intensamente.
Seus cabelos não estão tão bagunçados assim. Ao contrário de antes, quando ele vivia com eles bagunçados.
Cada formato, cada coisinha nele está a mesma.
Tento ignorar a vontade de chorar e o turbilhão de perguntas que surgem na minha mente, e só me concentro nele.
Suas duas perfeitas íris castanhas mudam de expressão quando me vê.
Será que ele se lembrou? Tenho certeza que não.
Seu nariz e suas bochechas estão vermelhas, provavelmente por conta do frio e da neve. Seus lábios estão perfeitamente rosados. Sua silhueta está a mesma, e os músculos parecem estar minimamente mais fortes.
Eu nunca o vi tão lindo, senhor.
A saudade e a vontade de agarrá-lo se torna tão grande que mais um pouco, se estivesse sentindo meu corpo, eu faria o que tenho vontade
É como se cada pedacinho da minha ferida estivesse se cicatrizando, é como meu corpo tivesse despertado, acordado de um longo coma.
— Desculpa... eu te conheço? — Ele franze levemente o cenho, dando um sorrisinho logo depois.
O impacto parece ser mais forte do que o de três anos atrás. Pois é, ele não se lembra mesmo.
Segurando a mesa com força, tento formular alguma resposta.
