No dia seguinte, Gabriela me coloca na frente do espelho depois de uma sessão interminável de dúvidas e indecisões sobre o que vestir.
O vestido preto mindset, curto e de alças finas com fenda, parece um pouco abusivo demais. Mas o all star branco que escolhi, dá ao look um ar natural, sem muitos rodeios. Meu cabelo está solto e eu não passei nada além de um gloss de maquiagem.
— Você está linda, confia! — Gabi diz com as mãos na cintura, orgulhando-se de seu trabalho.
Depois de abraçá-la, me inclino para amarrar meus cadarços, mas logo ouço o som de buzina do lado de fora.
— Ai, merda. — Murmurro a mim mesma e vou mancando até a porta, tateando minha bolsinha de ombro, um pouco nervosa.
— Boa sorte e protejam-se! — Diz Gabriela.
Antes que eu pudesse reclamar, ela fecha a porta bem na minha cara. Desço as escadas.
Quando chego na portaria, observo Gu encostado na moto, com as mãos enfiadas dentro do bolso de uma calça jogger preta.
Nunca me achei totalmente bonita. Não sou aquele tipo de pessoa que tem certeza absoluta de que tem uma beleza inata. Sempre destaquei mais meus defeitos do que minhas qualidades físicas.
Mas a maneira como Gustavo me olha me faz sentir bonita do jeito que sou.
Ele dá um sorrisinho admirado enquanto eu me aproximo.
— Posso empinar a moto dessa vez? — Ele pergunta rindo, como se já soubesse minha reação.
Ignorando-o, me ajeito na garupa e passo meus braços em volta da sua cintura. Encosto meu rosto na curva de seu pescoço e o sinto estremecer. Dou um sorriso.
Então, sinto o leve aroma — dessa vez diferente que exala de sua pele.
