— Eu só quero saber onde você está, Melanie. — Falo.— Você anda saindo sem nem mesmo me falar onde vai, e nem vem com essa mentirinha de amiga, porque eu não sou nenhum otário.
— Eu... — Ouço a voz de alguém por trás do celular, ou melhor, a voz de um homem. — Preciso ir, quando eu chegar em casa te explico tudo.
— Melanie... — Tenta falar, mas ela desliga.
Me sinto furioso, mas a única coisa que faço é dormir. Eu poderia ir até lá e ver o que ela anda me escondendo, mas tenho coisas melhores para fazer.
Entro no chuveiro e continuo refletindo sobre a vida, ou o que sobrou dela. Quando saio, procuro uma camiseta simples, mas quase todas estão sujas.
No fundo do armário, bem no fundo, tem uma camiseta cinza. Eu estendo o braço para alcançá-la, e quando a pego, dou uma estranhada.
Essa a blusa deve ser minha de muito tempo, mas tem um cheiro incrivelmente bom. Eu não usaria perfume de mulher, mas o cheiro de lavanda me parece familiar.
Coloco-a no corpo e levo-a ao nariz, para cheirar mais uma vez o cheiro incrível que tem nela.
Vou para a cozinha e tento fazer alguma coisa para mim comer, enquanto vejo as inscrições para a NYU. Melanie ainda não sabe, mas eu quero continuar a faculdade, não trabalhar.
Ouço batidas fortes na porta, e suponho que seja Melanie, mais uma vez, voltando de um lugar que eu desconheço.
Quando eu atendo a porta, dou de cara com pés delicados, sustentados por um salto alto fino, pernas lisas, um vestido brilhoso, seios quase a mostra e, dois olhos castanhos escuros brilhantes.
Demorei um pouco até raciocinar que era Ana, com seus cabelos suados em um rabo de cavalo. Ela tira os saltos dos pés e quase cambaleia para trás. Consigo pegá-la, e a mesma dá um sorrisinho muito, muito pervertido.
