A mulher está vermelha como um pimentão, e passa a me olhar com ira. Mas ao invés de brigar comigo, ela começa a andar batendo os pés no chão com força. A princípio, fico sem compreender a sua atitude.
— Ela está subindo para o quarto que lhe foi designado e provavelmente está indo para arrumar os seus pertences. — o dono do bar esclarece.
Assinto enquanto vejo ela sumir escadaria acima, seus cabelos parecem voar a cada passo que ela dá.
— Onde fica o quarto dela? — indago, ainda fitando o caminho que ela percorreu.
— Subindo as escadas, depois o corredor para a esquerda e então vai ver uma fileira de portas, o número do quarto dela é o 15. — termina de me informar.
— Certo.
Sem aguardar a sua resposta, percorro o caminho que ele me aconselhou. Subo as escadas de dois em dois degraus e me direciono para o lado esquerdo. Os corredores são simples, mas possuem alguns quadros de vários tipos de pessoas nuas. Quase infarto ao perceber que a ruiva está dividindo a ala junto com as cortesãs e creio que ela não seja uma, visto que se zangou quando um homem a tocou. Sem contar que ela me parece inocente para uma dama que tenta parecer experiente nas coisas da vida.
Enxergo o corredor cheio de portas, todas em tons de marrom e com os respectivos números pendurados. Algumas estão abertas e as mulheres me fitam com curiosidade, mas as ignoro.
Passo pela porta de número 10 e logo já avisto a porta de número 15 que o homem me alertou. A porta está entreaberta, então e aproximo com certa lentidão do quarto. Já posso ouvir a voz irritada da mulher.
— Quem aquele homem acha que é? Onde já se viu! Eu sequer pedi a ajuda dele e ele causou a minha demissão! Mhocheirigh!
Ela está com a sua maleta aberta sobre a cama e coloca para dentro os seus poucos pertences. O seu cabelo está preso em um coque agora e ela xinga algumas palavras mais em gaélico escocês. Claro que não sei se ela está de fato xingando nesse outro idioma, mas pelo jeito da entonação da sua voz me diz que coisa boa não deve de ser. Sei apenas algumas poucas palavras em gaélico, mas apenas alguns cumprimentos e palavras básicas. Nunca vi necessidade em aprender palavrões em outros idiomas, sei apenas o necessário para uma conversa fluir. Porque ela xingaria em uma língua que se usa na Escócia? Ela mora por aqueles arredores?
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O Visconde e a Amazona (Obra De Época)
Historical FictionBroxfield, 23 de abril de 1827. ━ Então é a dama que está vandalizando o meu campo de lavandas? ━ Não vandalizei nada, senhor! Charlotte MacGregor, uma jovem escocesa, decide fugir para o campo para escapar de um casamento arranjado imposto por seu...