O som estranho volta ao ambiente oculto pela madrugada e eu me vejo em apreensão caso alguém veja Charlotte seminua. Um sentimento estranho de posse reina dentro de mim com a possibilidade de alguém vê-la nessas condições além de mim.
— Fique aqui e se cubra.
— Onde você vai?
— Eu verei quem está a nossa espreita, Lottie.
Faço menção de dar um passo em frente, quando abruptamente algo alaranjado pula em cima do balcão. No mesmo instante reconheço o bichano do mordomo e eu começo a rir com leveza.
— Então era você, Âmbar! — o meu riso se torna mais intenso.
— Essa é a gata do mordomo Roberts?
— A própria.
A felina nos observa enquanto lambe a própria pata com desconfiança pelos olhares assustados que está recebendo. Caminho na sua direção analisando o chão e consigo identificar restos de pão jogados ao chão.
— Então você estava fazendo um lanchinho nessas horas da madrugada?
A gata então mia com impaciência, como se julgasse a mim e a Charlotte por estarmos fazendo algo muito pior do que comer um pouco de pão.
— A senhora deseja um pouco de água? — ofereço a ela que começa a miar docemente — Aguarde um instante!
Volto para perto de Charlotte que me fita sorridente enquanto está escorada no balcão da pia, não chego a pedir licença, mas deixo a minha mão esbarrar para perto da sua nádega direita.
— Me desculpe. — me apresso em dizer — Eu estava procurando uma tigela para pôr a água para a gata que sequer me dei conta que...
— Que a minha bunda estava no caminho da sua mão? — sua indagação soa com ironia.
Sorrio com leveza enquanto fito os seus olhos castanhos tão intensos que me observam com uma atenção hipnotizante.
— Espero que não esteja ofendida pelo meu atrevimento.
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O Visconde e a Amazona (Obra De Época)
Ficción históricaBroxfield, 23 de abril de 1827. ━ Então é a dama que está vandalizando o meu campo de lavandas? ━ Não vandalizei nada, senhor! Charlotte MacGregor, uma jovem escocesa, decide fugir para o campo para escapar de um casamento arranjado imposto por seu...