O Visconde e a Amazona (Obra De Época)

Capítulo 8: não acha impróprio?

Ela assente pesarosa e isso faz com que eu me cale, então enrugo as sobrancelhas em uma tentativa de compreender o motivo do encolhimento visível das suas expectativas.

— Peço que me perdoe por supor que me pagaria algo. — ela inicia e o meu queixo cai em surpresa — Eu deveria ter imaginado desde o princípio que como me abrigou em seu lar e também pagou pela liberdade do meu cavalo que eu não receberia um salário como os demais, pois estaria pagando pela minha dívida.

— Charlotte... — tento interrompe-la.

— Farei questão de trabalhar na sua casa até que todas as minhas contas sejam quitadas. Como sou uma mera empregada, não deveria estar assentada à sua mesa como alguém relevante para a alta sociedade.

Ela faz menção de se levantar da mesa e em um ato rápido tento segurar a sua mão, mas ela me escapa. Charlotte se põe de pé e realiza uma reverência desajeitada e tenta caminhar em direção a ala dos criados, creio que ela viu os demais adentrarem pelo corredor e então optou por seguir nele.

— Espere um momento, Charlotte! — seu nome sai dos meus lábios sem intenção de soar como uma ordem.

Ela trava o passo e se vira de frente para mim. Seu olhar me fulmina e parece que arde sobre a minha pele de maneira intensa. Sigo a fita-la de um jeito paciente enquanto ela respira com rapidez, pois o seu busto se mexe freneticamente.

— O que quer, lorde Townshend?

Noto pela sua entonação que ela está preocupada. Seria porque supõe que eu não pagaria um salário descente pelos seus serviços prestados a mim?

— Quero que se acalme.

— Está insinuando que eu não estou em posse das minhas faculdades mentais?

— Porque pensa tão mal de mim ao ponto de achar que o meu querer é uma ofensa para o seu cérebro? Pois saiba que tenho plena consistência de quê as suas faculdades mentais estão bem estruturadas, mesmo que o seu temperamento seja tão difícil quanto de uma escocesa. — concluo com um sorriso presente no rosto.