Broxfield, 23 de abril de 1827.
━ Então é a dama que está vandalizando o meu campo de lavandas?
━ Não vandalizei nada, senhor!
Charlotte MacGregor, uma jovem escocesa, decide fugir para o campo para escapar de um casamento arranjado imposto por seu...
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Entreabro os lábios pelas palavras da senhora cozinheira.
Lanço um último olhar para fora e vejo que Sebastian parece estar nervoso e logo uma bela dama começa descer as escadas da carruagem e ele a ajuda. Após isso, um senhor mais velho também sai da carruagem. Uma irritação surge dentro de mim quando vejo a cena de Sebastian a ajudando, mas tento me conter.
Passo a observar a dama com mais atenção e analiso a sua aparência. Os cabelos dela são pretos, semelhante à noite e a pele é tão pálida quanto leite.
Uma sensação estranha se faz presente, pois é como se eu já tivesse visto a dama em algum lugar.
Seria a mesma mulher daquela noite do baile que fugi?
Pelos céus!
Acaso ela também se lembrará de mim?
Me retiro do amontoado de criados e me encaminho para o meu quarto, encontro um lenço para cobrir os meus cabelos e parte do meu rosto.
De repente, as palavras de Tina ecoam em minha mente e eu me recordo sobre o que ela me contou. Seria essa mulher a irmã da falecida esposa de Sebastian? Não posso crer que ele tenha contribuído que a esposa morresse.
Isso não pode ser possível!
Sebastian seria capaz de negligenciar a vida da sua própria esposa ao ponto de permitir que ela morresse?
As indagações começam a me sufocar e eu sequer posso compreender essa onda de informações que surgem em minha mente.
Em meio aos meus pensamentos, sequer sei quanto tempo passou. Começo a me encaminhar em direção a cozinha. As cozinheiras e criadas correm de um lado para outro.
— Porque tamanha pressa?
— A família da falecida tomará o café da manhã aqui.
Assinto, ao compreender o motivo de tamanho balbúrdia.
— Ainda bem que chegou, Charlotte! — uma delas vem ao meu encontro, com uma bandeja que contém bolo de chocolate — Leve isso para a mesa do desjejum!
