Nove

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Um suspiro escapa de meu nariz enquanto conto as moedas em minhas mãos, tentando desesperadamente calcular como cobrir todas as dívidas

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Um suspiro escapa de meu nariz enquanto conto as moedas em minhas mãos, tentando desesperadamente calcular como cobrir todas as dívidas. O que ganhei nas últimas semanas trabalhando como garçonete não foi muito.

Minha geladeira está quase vazia, as contas de luz e de água estão vencidas, e o aluguel já está atrasado. Olho ao redor do meu modesto apartamento, sentindo um aperto no peito.

As infiltrações nas paredes, a mobília velha e desgastada, tudo isso parecia gritar a realidade da minha situação.

Enquanto mexo nas moedas, minha mente vagueia para Freddy. Ele era o dono da boate onde eu costumava dançar. A lembrança dele ainda me causava calafrios.

Freddy não era só um chefe; ele era um manipulador que me sugava até a última gota de energia, pegando a maior parte do lucro que eu fazia. Dançar para ele era um pesadelo do qual eu havia conseguido escapar, mas agora, com as contas se acumulando, não podia deixar de me sentir dividida.

Não queria voltar a dançar daquela forma, exposta e vulnerável. Aquele mundo me sugava, me deixava vazia.

Mas o dinheiro... era sempre o dinheiro que falava mais alto. Precisava pagar minhas contas e, por mais que odiasse admitir, aquela era a maneira mais rápida de conseguir algum dinheiro extra.

Minha cabeça dói com tantas incertezas.

Minha mente ainda ecoava com todos estes pensamentos quando uma das garotas da boate quebrou meus devaneios.

— Ei, Feiticeira, — ela chamou, sua voz misturando-se com o som distante da música lá fora. — soube que Don Wayne te procurou na sua outra apresentação, naquela boate que inaugurou há pouco tempo. É verdade?

Então, junto a um arrepio que transpassa cada centímetro de meu corpo, a lembrança de Don Wayne adentrando o camarim ressurge em minha mente. De fato, foi uma surpresa tê-lo ali, porque não o havia visto em meio a todas aquelas luzes e rostos na boate.

Eu não o esperava ali, de forma alguma. Apenas consegui aquela apresentação porque uma garota estava em uma situação horrível depois de tanto cheirar pó e depois de muita insistência com a gerente, ela me colocou como dançarina.

Levantei o olhar para encará-la pelo espelho, sentindo um nó se formar em minha garganta. Bebi um gole de água antes de responder, tentando esconder a confusão que tomava conta de mim.

— Não te interessa, oras. — minha resposta saiu mais dura do que eu pretendia, e percebi os olhares curiosos das outras garotas se voltarem para mim.

Pergunto-me, desde então, se ele não me reconheceu e está jogando comigo de alguma forma. Será que é apenas uma maneira de me manter sob seu controle?

As palavras de Don Wayne ainda ecoavam em minha mente, alimentando as dúvidas e incertezas que eu tentava desesperadamente ignorar.

A sensação de estar presa em uma teia de intrigas e manipulações só aumentava, e eu me perguntava se algum dia conseguiria escapar dela.

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