Na vida de Christopher Wayne, a morte de seu pai não é apenas uma tragédia pessoal, mas uma oportunidade cuidadosamente planejada.
Criado desde a infância para suceder seu pai, Christopher retorna a Toronto determinado a não apenas assumir o legado...
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"Filho, se você está lendo isso, significa que os vermes já roeram o que restou de meu cadáver. Significa, também, que aquele maldito câncer venceu.
Há muitas coisas das quais ainda preciso te contar, mas a principal delas falarei agora: não se esqueça do que é verdadeiramente importante.
Eu sei que o cargo que você faz muitas coisas parecerem importantes, mas, no fundo, você sabe o que é. Não se esqueça, portanto, de quem é.
E mais, não deixe de fazer o que deve apenas por ser um Don. Se não sabe o que quero dizer agora, saberá um dia.
La famiglia prima di tutto."
Passei a ponta do indicador pelas palavras firmes escritas por meu pai naquela página agora amarelada de seu diário, refletindo sobre o que ele quis dizer. Eu já havia lido suas palavras algumas vezes, mas nunca pareciam suficientes.
Ele havia começado a escrever neste diário há quase dois anos, quando descobriu sobre seu câncer, afinal sabia que precisaria passar seu cargo adiante.
Olhando para trás, não pude deixar de pensar sobre todas as conversas que deixamos de ter porque estava longe durante tantos anos. Gostaria de ter ouvido de sua boca os conselhos que ele escreveu.
Minha mãe costumava dizer que meu pai e eu tínhamos personalidades muito parecidas, por isso é que tínhamos tantos atritos.
Sai de meus pensamentos e guardei o caderno ao ouvir batidas na porta do escritório, então pouco depois vi Jordan, meu irmão mais novo, se aproximar.
— La Famiglia prima di tutto. — beijou minha mão. Eu toquei seu ombro atenciosamente. — Chris, temos um problema para resolver. — disse depois que indiquei a cadeira para se sentar. — Um caminhão nosso, com uma carga de meia tonelada foi desviado.
Precisei respirar fundo.
— Qual era a carga? — minha voz saiu irritada, mas controlada.
— Pó da Colômbia. — diz com pesar, me encarando com hesitação. — A carga já estava vendida, Chris...
Esfreguei meus olhos, processando suas palavras. Era, sem qualquer dúvidas, uma perda significante e, ao saberem, os demais Dons do território entenderiam que estamos frágeis e vulneráveis.
— O que aconteceu exatamente? — questionei focado no problema.
O mais novo passou a mão direita em seu cabelo liso, bagunçando-o de forma nervosa.
— Estávamos acompanhando o caminhão pelo rastreador, quando, de repente, o sinal acabou. Ele sumiu. — disse um tanto desesperado. — O motorista sumiu do mapa.
