Eu sentia o suor escorrendo sob minha pele. O nervosismo, naquela altura da noite, já havia se tornado quase desespero.
Faltavam poucas horas para o início da distribuição da carga, e nós ainda não havíamos encontrado o caminhão. Fomos a inúmeros lugares, conversamos com outras dezenas de pessoas e percorremos alguns quilômetros para termos a informação de que precisávamos.
Unionville. Era o lugar onde a carga estava. Em um armazém.
O caminho até lá foi longo, e a tensão dentro do carro era crescente. O silêncio denunciava que cada um estava preso em seus próprios pensamentos, porque sabíamos que aquela situação poderia determinar muito sobre a posição de comando de nossa Família na cidade.
Ao longo de todo aquele dia, pude compreender o motivo da revolta de Joseph com minha nomeação a Don, afinal, ele sempre esteve com nosso pai, ele quem conhecia seus inimigos e aliados, assim como eles o conheciam como o futuro da Família Wayne.
De qualquer forma, naquelas horas em que estivemos juntos, apesar de todas as mágoas que ele guardava de mim e eu dele, entendi o que havia lido, certa vez, no diário de meu pai.
Você não pode ser Don sozinho.
Para sê-lo, você depende do trabalho de inúmeras outras pessoas e ao trabalharem em conjunto internamente, o líder consegue exercer, porta à fora, a autoridade necessária.
Ao chegarmos no local, o tempo parecia ter parado. A propriedade abrigava um armazém de estrutura velha e mal iluminada, com alguma vegetação cobrindo-o parcialmente.
A única luminosidade era de alguns postes de rua distantes e de uma lâmpada solitária na estrada do galpão.
Antes de descermos do carro, Joseph e eu conferimos nossas armas e nos aproximamos com cuidado. O cheiro de ferrugem e umidade era forte, o som da cidade era abafado pelo barulho da noite naquele lugar esquisito.
Quando entramos, a primeira coisa que encontramos foi o corpo do motorista do caminhão estirado no chão. Uma poça de sangue o cercava, e seu olhar vazio denunciavam que ele não havia tido uma morte rápida ou indolor. Joseph agachou-se ao seu lado, observando os detalhes.
— Foi uma execução, Chris. — afirmou com frieza, levantando-se em seguida. — Foi serviço profissional.
Antes que processássemos a cena, ouvimos passos ecoando pelo armazém. Três homens apareceram, todos armados, e à frente deles, um homem com uniforme de polícia, com olhar duro e calculista.
— Finalmente! Uma honra receber a Família Wayne aqui. — disse o policial com a voz carregada de cinismo.
— Você está com algo que pertence a nós. — meu irmão falou com o tom de voz controlado.
O sorriso que ele deu antes de apontar para outros homens me irritou. E eu fiquei ainda mais irado ao ver o nosso caminhão.
A carga estava ali, intacta, mas eu tinha certeza de que eles não a entregariam sem uma compensação.
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FAMÍLIA WAYNE
RomanceNa vida de Christopher Wayne, a morte de seu pai não é apenas uma tragédia pessoal, mas uma oportunidade cuidadosamente planejada. Criado desde a infância para suceder seu pai, Christopher retorna a Toronto determinado a não apenas assumir o legado...