2- O melhor amigo do meu irmão

34 10 4
                                    

Michele estava sentada em um banco, embaixo do grande carvalho no quintal de sua casa. Era uma tarde de verão, e o sol já começava a se esconder no horizonte, vinha um vento fresco que balançava os cabelos da garota. Ela folheava um de seus livros, perdida nas palavras, quando ouviu o portão rangendo.

Ao levantar os olhos, viu um rapaz alto, com cabelos castanhos e curtos desordenados e um sorriso encantador que parecia iluminar todo o quintal.

Era Lucas, o melhor amigo de seu irmão, e fazia tempo que eles não se viam. Ele estava vestido com uma camiseta surrada e jeans desbotados, o que não o impedia de parecer incrivelmente confiante e atraente.

— Oi, Michele, — ele disse, acenando com a mão enquanto se aproximava. — Pedro está em casa?

Michele sentiu um leve calor nas bochechas, surpresa pela súbita aparição de Lucas. Ela sabia que ele era um frequentador assíduo da casa, mas raramente tinha trocado mais do que algumas palavras com ele.

— Oi, Lucas. O Pedro saiu pra correr, mas deve voltar logo. — ela respondeu, tentando manter a voz casual.

— Tudo bem, posso esperar um pouco aqui? Faz tempo que não conversamos. — Lucas sorriu novamente, e o coração de Michele deu um pequeno salto.

Ela assentiu, gesticulando para o espaço vazio ao seu lado no banco. Lucas se sentou, o cheiro de grama recém-cortada e flores ao redor deles criando uma atmosfera tranquila. Por alguns momentos, nenhum dos dois disse nada, apenas observando o céu mudar de cor.

— Você gosta de ler, né? — Lucas perguntou, apontando para o livro no colo de Michele.

— Sim, é um dos meus passatempos favoritos. — ela sorrio timidamente.

Lucas olhou para o título do livro e ergueu as sobrancelhas, impressionado.

— Esse é um dos meus preferidos também. Tem uma passagem que sempre me marcou... — E começou a recitar algumas linhas de memória.

Michele ficou surpresa e encantada. Quem diria que o melhor amigo do seu irmão, sempre tão envolvido em esportes e aventuras ao ar livre, teria um interesse tão profundo pela leitura?

Eles começaram a conversar sobre o livro, e logo a conversa se expandiu para outros temas: música, filmes, sonhos para o futuro.

Quando Pedro finalmente chegou, suado e esbaforido de sua corrida, encontrou os dois rindo de uma piada interna, com os olhos brilhando de entusiasmo.

Ele parou, surpreso, mas logo sorriu, vendo a conexão inesperada entre sua irmã e seu melhor amigo.

— Ei, o que eu perdi? — Pedro perguntou, se juntando a eles no banco.

— Ah, nada demais, — disse Lucas, piscando para Michele. — Só descobrimos que temos mais em comum do que imaginávamos.

A brisa fresca da noite envolvia Michele, Lucas e Pedro enquanto caminhavam em direção à praça do bairro.

As estrelas brilhavam no céu escuro, e as luzes dos postes criavam um ambiente acolhedor nas ruas tranquilas. Era uma noite perfeita para um passeio.

— Há quanto tempo a gente não faz isso, hein? — Pedro comentou, enfiando as mãos nos bolsos e olhando ao redor. — A praça deve estar bonita com essas novas luzes.

Michele sorriu, apreciando a sensação de liberdade e paz que a noite trazia.

— Eu adoro esse lugar à noite. Tem algo de mágico.

Lucas, caminhando ao lado dela, assentiu.

— E com sorte, encontraremos algum carrinho de sorvete ou pipoca.

Ao chegarem à praça, foram recebidos por uma cena encantadora: as árvores eram iluminadas por luzes coloridas, e pequenos grupos de pessoas passeavam ou sentavam nos bancos, conversando em voz baixa.

No centro, a fonte jorrava água em um ritmo suave, refletindo as luzes ao seu redor.

Eles continuaram a caminhar, e logo encontraram um carrinho de pipoca. Pedro comprou uma grande porção, e os três sentaram em um banco próximo à fonte para compartilhar.

— Nada como pipoca para completar a noite — Pedro disse, jogando um punhado na boca.

Michele, entre uma mordida e outra, observava Lucas à sua esquerda. A luz suave das lâmpadas refletia em seus olhos, dando-lhes um brilho especial.

— Acho que nunca tinha reparado como a praça é bonita à noite — ela disse, querendo prolongar a conversa.

— É, tem seu charme, — Lucas concordou, olhando para ela com um sorriso. — Acho que a companhia também faz diferença.

O comentário fez Michele corar levemente, e ela desviou o olhar para a fonte, tentando esconder o sorriso, e Pedro partiu, deixando-os sozinhos na mesa iluminada pelas luzes suaves da lanchonete.

Michele se virou para Lucas, sentindo uma leve tensão no ar. Eles se levantaram e começaram a caminhar novamente, desta vez mais próximos.

— Você gosta de estrelas? — Lucas perguntou, apontando para o céu. — Tem uma constelação ali que sempre me fascinou.

Michele olhou para onde ele apontava, e eles passaram um tempo identificando estrelas e constelações. Enquanto faziam isso, a conversa fluía naturalmente, tocando em sonhos, medos e momentos significativos de suas vidas.

Quando Pedro finalmente voltou, encontrou-os rindo e falando animadamente, como velhos amigos.

— Encontrei uns amigos, mas eles já estão indo embora— ele disse, mas a expressão no seu rosto mostrava que estava feliz ao ver a conexão entre os dois.

— Vamos fazer isso mais vezes —Michele sugeriu enquanto caminhavam de volta para casa, sentindo-se mais próxima de Lucas do que nunca.

— Com certeza — Lucas respondeu, e os três continuaram a conversa enquanto a praça ficava para trás, sabendo que aquele era apenas o começo de muitas noites inesquecíveis juntos.

Dois passos para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora