16- O grande beijo

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Na luz suave do fim da tarde, as sombras das árvores se alongavam pelo parque. O canto dos pássaros e o farfalhar das folhas compunham uma trilha sonora tranquila.

Michele caminhava lentamente, seus pensamentos vagando, até que avistou Lucas ao longe. Ele estava sentado em um banco, o olhar perdido no horizonte.

Ela se aproximou, o coração batendo mais rápido a cada passo. Quando ele a viu, um sorriso iluminou seu rosto.

— Oi Lucas — falou um pouco nervosa, mas tentando não transparecer muito.

— Oi linda — ele fala sorrindo.

Levantou-se e caminhou na direção da garota, o mundo ao redor parecendo se desfazer, deixando apenas os dois em foco.

Quando finalmente estavam frente a frente, Lucas pegou delicadamente uma das mãos de Michele, os olhos encontrando os dela com uma intensidade que fez seu coração acelerar ainda mais.

Sem dizer uma palavra, ele se inclinou lentamente colocando uma de suas mãos no rosto da mesma, aproximando seus rostos.

Ela sentiu sua respiração quente e suave antes de seus lábios se tocarem, um beijo terno e cheio de significados, como se o tempo tivesse parado só para aquele momento.

O beijo era doce e delicado, mas carregava uma promessa de algo maior, um início de uma história que eles estavam prestes a escrever juntos.

Quando se afastaram, ainda de mãos dadas, trocaram um olhar que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar.

Ali, no parque banhado pela luz dourada do entardecer, Lucas a levou a um lago que, até então, só ele sabia.

Michele estava sentada na cama de sua melhor amiga, as pernas cruzadas e um sorriso tímido no rosto. Seus olhos brilhavam com uma mistura de excitação e nervosismo.

Lúcia estava deitada ao lado dela com um travesseiro apoiado no peito, olhava para ela com expectativa.

— Eu saí de novo com ele ontem — ela começou, mexendo nos dedos como se não soubesse bem por onde começar. — Dessa vez fomos ao parque. Ele disse que queria me mostrar um lugar especial.

A amiga arregalou os olhos e se inclinou para frente.

— E como foi?

— Foi... incrível. — Ela suspirou, lembrando-se do momento. — Depois do parque ele me levou até um lago escondido, um lugar que ele costumava ir quando era criança. A vista era linda, e ele trouxe um piquenique. Depois conversamos por horas.

— Ele parece mesmo gostar de você — comentou a amiga, sorrindo. — O que mais aconteceu?

A garota corou levemente e abaixou os olhos.

— Quando o sol começou a se pôr, ele me puxou para mais perto e disse que estava feliz por estar me conhecendo melhor. E então... ele me beijou.

— Ah, meu Deus! — Lúcia gritou, jogando o travesseiro no ar de excitação. — Eu sabia! Eu sabia que ele gostava de você! E como foi?

— Foi perfeito — respondeu ela, ainda corando. — Eu nunca imaginei que seria assim. Sabe, aqueles momentos que você vê em filmes e acha que nunca vai acontecer com você? Então, foi exatamente assim.

As duas amigas riram e conversaram até tarde da noite, compartilhando sonhos e esperanças. Para ela, aquele era apenas o começo de algo que sentia ser muito especial.

Era uma tarde de quinta-feira. O sol brilhava intensamente, mas uma leve brisa fazia as folhas das árvores dançarem suavemente. Michele estava sentada na varanda, observando o movimento da rua.

Seus dedos brincavam nervosamente com uma mecha de cabelo, o coração batendo rápido. Ela sabia que precisava contar a verdade para o irmão, mas não sabia como ele iria reagir.

Pedro, saiu da casa com um sorriso no rosto, carregando duas latas de refrigerante. Ele se sentou ao lado dela e lhe entregou uma das latas.

— Tá um dia bonito, né? — ele comentou, abrindo a própria lata e tomando um gole. Michele assentiu, mas não conseguia relaxar.

— Pedro, preciso te contar uma coisa — ela começou, a voz vacilante. Ele olhou para ela com curiosidade, percebendo a seriedade no tom dela.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, agora mais atento.

Clara respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.

— Eu... eu beijei o Lucas — ela disse de uma vez, sem conseguir mais segurar a confissão.

O rosto de Pedro passou de confuso para surpreso e, finalmente, para uma expressão que Michelenão conseguiu decifrar completamente.

Ele ficou em silêncio por alguns momentos, assimilando a informação. Lucas era seu melhor amigo desde a infância, e Pedro sempre o considerou como um irmão.

— Você beijou o Lucas? — ele repetiu, ainda tentando processar o que havia ouvido.

Michele assentiu, mordendo o lábio inferior.

— Sim. Aconteceu essa semana. A gente estava conversando e... não sei, simplesmente aconteceu. Eu não queria te esconder isso, Pedro. Eu só... estava com medo de como você iria reagir.

Pedro assou a mão pelo cabelo, respirando fundo. Ele olhou para a irmã, vendo a ansiedade e a sinceridade nos olhos dela.

— Olha, Michele, isso é... complicado. Eu não sei bem o que dizer. O Lucas é como um irmão para mim. Eu nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer entre vocês.

Michele abaixou a cabeça, sentindo uma onda de culpa. Mas, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Pedro colocou a mão no ombro dela.

— Mas eu sei que você não teria me contado se não se importasse comigo e com o que eu penso. E, bom, eu confio em vocês dois. Só... me dá um tempo para processar isso, tá?

Michele sentiu um alívio imediato, apesar da situação ainda ser delicada.

— Claro, Pedro. Obrigada por entender.

Pedro deu um leve sorriso, ainda meio atordoado, mas genuíno.

— Vamos ver no que isso vai dar. Mas, por enquanto, vamos focar em aproveitar esse dia bonito. A vida já é complicada demais, né?

Os dois irmãos ficaram ali, sentados na varanda, aproveitando a tarde ensolarada, tentando, cada um à sua maneira, lidar com as novas emoções e o futuro incerto.

Dois passos para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora