5- Momentos entre irmãos

25 9 0
                                    

No fim da tarde, Michele estava em seu quarto, terminando de se arrumar. O espelho refletia sua blusa azul-clara e o sorriso que ela exibia. Estava animada.

A porta entreaberta revelou um rosto curioso espiando: sua irmã mais nova, Beatriz, olhos grandes e brilhantes de expectativa.

— Está pronta, Bia? — perguntou Michele, ajustando o cabelo.

Beatriz entrou saltitante no quarto, com uma tiara de gatinho nos cabelos castanhos, um vestido de tons claros de flores e uma mochila nas costas.

— Estou sim, Mi! Vamos logo!

As duas desceram as escadas rapidamente, onde a mãe delas, sentada no sofá com uma xícara de café, as esperava com um sorriso carinhoso.

— Divirtam-se, meninas. E, Michele, cuide bem da sua irmã. — disse Helena.

— Pode deixar, mãe! — respondeu Michele, segurando a mão de Beatriz.

O destino era o parque no fim da rua, onde havia uma feira de rua. Enquanto caminhavam, Beatriz olhava para todos os lados, maravilhada com as barraquinhas coloridas e o aroma doce que vinha de uma barraca de algodão doce.

— Michele, olha! Vamos comprar algodão doce? Por favor. — pediu Beatriz, apontando animadamente.

— Claro, Bia. Hoje é dia de aproveitar.

Compraram um enorme algodão doce cor-de-rosa e sentaram-se em um banco próximo ao parquinho. Beatriz lambuzou-se de açúcar enquanto Michele ria, limpando o rosto da irmã com um lenço.

Depois do lanche, foram para os brinquedos. Beatriz correu em direção ao balanço, e Michele a empurrou suavemente, vendo a irmã rir alto, o som misturando-se com o barulho das outras crianças brincando. Era um som que preenchia o coração de Michele de alegria.

O sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa. Decidiram dar uma volta pela feira antes de voltar para casa.

Pararam em uma barraquinha de livros, onde Michele ajudou Beatriz a escolher um novo livro de histórias para ler antes de dormir, e comprar um novo livro pra si.

— Obrigada, Mi. Hoje foi o melhor dia! — disse Beatriz, abraçando a irmã mais velha.

— Eu também adorei, Bia. E sempre que quiser, podemos repetir — respondeu Marina, retribuindo o abraço.

Voltaram para casa de mãos dadas com as sacolas nas outras mãos, as duas estava super felizes por terem saído hoje. Michele sabia que aqueles momentos simples eram os mais especiais e que, mesmo com a diferença de idade, sempre estariam unidas pelo amor e pela cumplicidade de irmãs.

A porta rangeu suavemente quando a Michele saiu do quarto da irmã. Ela olhou para trás por um instante, certificando-se de que a pequena estava confortavelmente coberta pelo cobertor e respirava em um ritmo tranquilo. Com um sorriso terno, fechou a porta delicadamente para não fazer barulho.

O corredor estava imerso em uma penumbra silenciosa, as luzes noturnas lançando sombras suaves nas paredes. Ela deslizou pelos azulejos frios, seus passos quase inaudíveis, enquanto seu olhar se dirigia para a porta entreaberta no final do corredor.

Ao se aproximar, ouviu uma música suave vindo do quarto do Pedro. O som de uma guitarra dedilhada acompanhava uma melodia que ela reconheceu imediatamente. Sem bater, empurrou a porta levemente com a mão, deixando-a se abrir com um leve rangido.

Pedro estava sentado na cama, os dedos ágeis dançando sobre as cordas da guitarra. Ele levantou os olhos quando ela entrou, oferecendo-lhe um sorriso caloroso.

— Ei, o que você está fazendo acordada a essa hora? — ele perguntou, a voz baixa para não quebrar a serenidade da noite.

— A pequena teve um pesadelo — respondeu ela, fechando a porta atrás de si e sentando-se na poltrona ao lado da cama. — Só queria ver se ela estava bem.

Ele assentiu, continuando a tocar, agora com uma melodia mais suave, quase um sussurro musical. Ela fechou os olhos por um momento sorrindo, onde se sentia tranquila e acolhida nos braços dele, deixando-se envolver pelo som reconfortante.

— Gosto quando você toca essa música — disse ela, finalmente. — Me faz sentir que tudo vai ficar bem. — Ele parou por um instante, olhando para a irmã com ternura.

— Mas vai ficar tudo bem, — ele garantiu sorrindo. — Sempre fica.

Ela sorriu, sentindo-se mais leve, e os dois ficaram em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro, enquanto a noite continuava a avançar, tranquila e cheia de promessas.

Michele fechou a porta do quarto de Pedro com um suspiro. O dia tinha sido bastante longo. Ao chegar no corredor, ela sentiu um alívio imediato ao ver a porta de seu quarto. A maçaneta fria girou facilmente em sua mão, e ela entrou no seu santuário pessoal.

Seu quarto estava do jeito que ela gostava: luz suave entrando pelas cortinas translúcidas, uma pilha de livros sobre a escrivaninha e um leve cheiro de lavanda no ar.

Michele tirou os seus sapatos e se jogou na cama, sentindo a maciez do seu cobertor favorito contra sua pele logo se cobrindo com o mesmo.

Ela ficou um momento olhando para o teto, deixando a calma do ambiente envolver seus pensamentos. O mundo lá fora poderia esperar. Ali, em seu quarto, ela tinha tudo o que precisava para se sentir em paz.

Dois passos para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora