4- O segredo

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A tarde estava fazendo muito sol, e o ar quente fazia com que as folhas das árvores e as flores do parque brilhassem sob o céu azul.

Sentadas em um banco sob a sombra de uma árvore, Michele e Lúcia conversavam enquanto esperavam o sol esfriar um pouco pra poder ir pegar um sorvete na barraquinha.

Michele mexia nervosamente nas pontas dos cabelos, enquanto Lúcia observava algumas pessoas passando pelo parque, ela mexia no celular algumas vezes.

Ela se sentia tranquila em ver os cachorros correndo atrás dos seus brinquedos que os seus tutores jogavam e ver algumas crianças correndo com seus amiguinhos e indo pros brinquedos, na presença de seus pais, Michele respirou fundo e virou-se para a amiga.

— Lúcia, eu preciso te contar uma coisa — começou Michele, hesitando por um momento.

Lúcia se virou, curiosa, percebendo a seriedade no olhar da amiga.

— Claro, Mi. O que foi?

Michele olhou para os pés, como se procurasse coragem no chão. Finalmente, levantou o rosto e disse:

— Eu... eu estou apaixonada pelo Lucas.

Os olhos de Lúcia se arregalaram de surpresa.

— O Lucas? O melhor amigo do seu irmão? — ela exclamou, quase incrédula.

Michele assentiu lentamente, a tensão era muito visível em seu rosto.

— Sim, ele mesmo. Eu sei que é complicado. Ele está sempre lá em casa, e eu comecei a ver ele de uma forma diferente. Ele é tão gentil, engraçado... Eu não consigo parar de pensar nele.

Lúcia segurou a mão da amiga, oferecendo apoio.

— E você já falou com ele sobre isso? Ou pelo menos deu algum sinal?

Michele balançou a cabeça negando.

— Não, eu tenho medo. E se ele não sentir o mesmo? E se isso estragar a amizade dele com o meu irmão?

Lúcia refletiu por um momento, mantendo o olhar firme e reconfortante.

— Eu entendo a sua preocupação. Mas, às vezes, precisamos correr riscos para descobrir o que pode realmente acontecer. Talvez você possa tentar se aproximar mais dele, conversar talvez, ver como ele pode reagir em relação a você.

Michele sorriu timidamente, agradecida pelo conselho.

— Talvez você tenha razão. Acho que vou tentar. Obrigada, Lúcia. Você sempre sabe o que dizer.

Lúcia sorriu de volta.

— Para isso que servem as amigas. E lembre-se, não importa o que aconteça, eu estou aqui para ajudar você.

As duas se abraçaram, sentindo a força da amizade que as unia, prontas para enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

O sol começava a se pôr, tingindo o céu com alguns tons de laranja e rosa. A praça estava lotado de pessoas indo e vindo, adolescentes discutindo animadamente sobre os planos para o fim de semana. Michele estava encostada em uma árvore, tentando organizar os pensamentos.

Enquanto ela observava o movimento ao seu redor, seus olhos se fixaram em uma figura familiar.

Lucas, o melhor amigo de seu irmão, estava passando por ali, rindo de algo que um de seus amigos dissera.

Seu cabelo bagunçado pelo vento, o sorriso de canto que ele sempre carregava, tudo nele parecia irradiar uma energia magnética que a atraía.

Michele sentiu o coração bater mais rápido e uma onda de nervosismo tomar conta dela. Lucas estava se aproximando, e ela não conseguia desviar o olhar mordendo os seus lábios

Cada passo que ele dava parecia em câmera lenta, o mundo ao redor deles se desfazendo em um borrão indistinto.

Lucas finalmente notou Michele e seu rosto se iluminou com um sorriso amigável. Ele levantou a mão em um cumprimento casual.

— Ei, Mi! — ele chamou, com a voz calorosa de sempre.

Michele sentiu as bochechas corarem, mas conseguiu devolver o sorriso, ainda que timidamente.

— Oi, Lucas — respondeu ela, tentando parecer natural.

Lucas se aproximou, parando a poucos passos dela. Ele olhou ao redor, como se procurasse algo interessante para comentar.

— Está esperando seu irmão? — perguntou ele, com a familiaridade que anos de convivência proporcionavam.

Michele assentiu, ainda sentindo o coração bater acelerado.

— Sim, ele deve estar em uma reunião do trabalho ou em algum jogo. Deve terminar logo.

Lucas acenou com a cabeça, apoiando-se na parede ao lado dela. Houve um momento de silêncio confortável, quebrado apenas pelo murmúrio distante das outras pessoas.

— Então, você está bem? — perguntou Pedro, com um olhar sincero e preocupado.

Michele sentiu um calor no peito ao perceber a atenção dele. Ela sorriu, mais confiante dessa vez.

— Estou, sim. E você?

Lucas deu de ombros, sempre descontraído.

— Também. Sabe como é, só mais um dia normal.

Michele riu, a tensão diminuindo um pouco. Eles continuaram conversando por alguns minutos, a proximidade dele fazendo com que ela se sentisse ao mesmo tempo nervosa e confortada.

Quando o irmão de Michele finalmente apareceu, Lucas se despediu com um aceno e um sorriso, deixando-a com um misto de emoções enquanto o via se afastar.

Ela sabia que a partir daquele momento, precisaria encontrar uma maneira de lidar com os sentimentos que Lucas despertava nela, mas, por ora, estava contente apenas por ter tido aquele breve momento de conexão.

Dois passos para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora