Capítulo 05

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"A história da minha vida eu a
levo para casa."
Story of My Life - One Direction

Nick Perez

Faz alguns minutos que comecei a perceber que Bella estava diferente. Não sei se foi porque ela perdeu a timidez e está mais solta. Talvez seja.

— E quando meu pai viu que eu tinha acabado com a Porsche dele, ele me olhou como se quisesse me estrangular. — Oliver contava enquanto Bella gargalhava tanto que estava até inclinada para trás. — Depois de ficar sem sair de casa por três meses, eu nunca mais apostei em um racha. — Nina sussurrou algo com Matteo que concordou com a cabeça.

— Bella, uma pergunta, assim, só para saber, não se ofenda. — Nina começou. — Você já tomou vinho ou qualquer bebida alcoólica antes? — Bella ficou em silêncio olhando para a amiga.

— Oh não, não vai dizer que fomos nós que te induzimos a beber? — Pablo perguntou assustado à garota que parecia meio desligada agora.

— Não, gente, está tudo bem. Sério. Inclusive amanhã eu tenho um trabalho cedo, eu vou ligar para o meu motorista. — Ela pega seu celular e esboça uma péssima feição. — Droga! Descarregado. Nina, pode me emprestar seu celular?

— Você consegue se lembrar do número do seu motorista? — Bella faz que não com a cabeça.

— Eu posso pedir um carro pelo aplicativo do seu celular? — Pela primeira vez reparo em quanto seus cabelos brilham.

— Não, de jeito algum. É muito perigoso. Deixa que Nick te leva em casa. — Me assusto com sua fala.

— Eu? — Olho sério para Nina.

— Óbvio! Ou você vai deixar a Bella entrar em um carro de um desconhecido essa hora da madrugada? — Nina refuta. E realmente já se passavam das três da manhã. Reviro os olhos.

— Vamos logo. — Me levanto tirando as chaves da minha Audi do bolso. A garota se despede de todos e se levanta também, rápido demais, o que faz com que ela perca o equilíbrio. Corro para segurá-la.

Ela se apoia em mim, e vamos assim até o carro. Abro a porta do carro para ela que entra. Dou a volta e entro também.

— Até que você é gentil. Não pareceu no início. — Ela diz com a voz arrastada e encostando sua cabeça no banco.

— Era para ser um elogio? — Ela dá de ombros. — E olha que você só bebeu três taças. — Reviro os olhos me lembrando.

— Sabe porquê eu nunca bebi antes? — Ela não espera eu responder e continua. — Quando eu era criança e meu pai bebia... não ficava tudo bem. — Entendo o que ela quer dizer. Não fico muito surpreso, afinal, há uns anos o pai dela foi preso por violência doméstica e desvio de dinheiro, e saiu em todos os jornais pelo mundo. — Acho que criei um bloqueio em relação a bebida. Mas hoje, quando vi todos vocês bebendo, tive medo de recusar e parecer menos descolada. — Uma lágrima escorre em seu rosto. Não entendo o porquê dela estar compartilhando isso comigo.

— Você não precisava fazer isso se não queria. Seu pai é um idiota. — Tento falar algo que fosse ajudar, não sou muito bom com pessoas chorando.

— É o que todo mundo me disse a minha vida toda. E é o que minha mãe deveria ter levado em conta ao invés do argumento de "Imagina o que as pessoas achariam de nossa família se descobrissem isso." — Fico sem saber o que dizer, então fico quieto. — Você não precisa fazer isso. — Não entendo.

— Isso o quê? — O semáforo fica vermelho e olho para ela que está quase dormindo no banco.

— Me levar até em casa. — O silêncio se instala no carro.

Ficamos o caminho inteiro em silêncio. Às vezes eu achava que ela estava dormindo e a olhava para conferir, mas o caminho todo ela estava me encarando com seus olhos castanhos brilhantes.

— Chegamos. — Digo após estacionar no endereço que ela havia falado. A casa não era muito grande, mas lotada de seguranças. Só aqui na frente tinha uns seis, imagino que é por ela morar sozinha.

— Obrigada. — Ela diz saindo do carro. Fico esperando ela entrar em casa. Na metade do caminho ela tropeça, abro a porta do carro no mesmo instante, mas um de seus seguranças é mais rápido e a ajuda.

Vou falar para Nina mandar uma mensagem perguntando se ficou tudo bem.

Sob os Céus da Espanha - Iza Calcar Onde histórias criam vida. Descubra agora