Capítulo 27

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"Me diga quem eu sou, porque
acho que eu não tenho escolha.
Tudo porquê eu gostei
de um garoto."
because i liked a boy - Sabrina Carpenter

Bella Cercatto

Abri meus olhos e me deparei com a melhor cena que eu podia ver. Nick estava ao meu lado com seu braço envolto à mim. Olhei para a janela, que estava coberta por uma cortina blackout, mas por uma frecha consegui enxergar uma luz, o que significava que o sol estava brilhando lá fora.

Nick começou a abrir seus olhos lentamente. Quando ele viu que eu estava acordada deu um breve sorriso.

— Conseguiu dormir, Estrellita? — Ele perguntou fechando seus olhos novamente.

— Consegui sim, e você? — Digo simples analisando como seu rosto fica perfeito mesmo ao acordar.

— Sim, mas acho que preciso de mais um tempinho. — Sua voz está completamente sonolenta. Rio e me solto dele, levantando.

— Não tem treino hoje? — Perguntei, por mais que eu achasse que ele já teria caído no sono.

— É só a tarde. — Respondeu e literalmente apagou.

Fui até o closet e peguei uma troca de roupa, depois segui para o banheiro, tomando um banho bem demorado. Confesso que quando a água atingiu meus cortes, foi uma dor imensa.

O abdômen sempre foi um excelente lugar para me machucar sem que ninguém percebesse, a final, posso simplesmente esconder com uma blusa mais comprida.

Desde meus 15, quando me sinto muito mal, isso acontece. Muitas da vezes é por culpa, como se fosse um castigo à mim mesma. Mas em outros casos, quando minha mente está um turbilhão e estou me sentindo no fundo do poço, sentir dor física faz com que eu esqueça a dor emocional. Meu avô sempre dizia que você pode estar sentado em um alfinete, mas não o sentirá se estiver com uma bala no peito. Uma dor mais forte anula a outra.

Mas no final de tudo, só piora as coisas, pois eu fico machucada de dois modos. Porém sou uma pessoa muito impulsiva, não consigo me controlar.

Termino meu banho e coloco um short jeans e uma camiseta cinza, do Shawn Mendes, meu cantor favorito.

Penteio meus cabelos molhados e escovo os dentes. Quando eu volto ao quarto, Nicolas ainda está dormindo.

Vou até a cozinha para tomar café. Quando chego no andar de baixo e a mesa está toda posta e todos os funcionários em suas posições, respiro fundo me lembrando de que agora tenho que viver como se ontem não tivesse existido, tenho que esquecer tudo e fingir estar bem.

Sabe, isso é muito cansativo, manter a postura e ter uma vida de um adulto, sendo que tenho apenas 17 anos, quero poder sofrer na minha casa em paz, sem dar satisfações para as pessoas ou ter que sorrir para as fotos que tiram de mim todo o tempo.

Como apenas umas frutas, não estou com muita fome, meu estômago está extremamente enjoado desde ontem de manhã, quando descobri o que as pessoas da escola pensavam sobre mim.

Assim que termino, me levanto e vou até os seguranças que estavam do lado de dentro da casa.

— Muito obrigada por deixarem Nicolas entrarem ontem. Apenas a entrada dele sem minha autorização, okay? — Sorrio e eles concordam.

Sob os Céus da Espanha - Iza Calcar Onde histórias criam vida. Descubra agora