Capítulo 14

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"Mas meu sonho se
realizaria se você me desse
uma chance."
Aqueles Olhos - Dom M

Bella Cercatto

    Hoje é segunda e eu acabei de chegar na escola. Vejo Nina vindo correndo em minha direção.

    — Ué? Cadê o anel? — Ela diz pegando minha mão.

    — Não teve anel. — Ela fica confusa e meio decepcionada.

    — Então não teve pedido? — Começamos a caminhar em direção à sala de aula.

    — Teve. — Ela sorri. — Mas não foi muito como eu esperava, sabe? — Será que na verdade eu que sou muito exigente?

    — É, Simon nunca foi muito romântico... — Chegamos na sala e nos sentamos em nossos lugares.

    Simon estava conversando com seus amigos até me ver e vir em minha direção. Ele se senta ao meu lado e entrelaça nossas mãos.

    — Dormiu bem? — Ele me pergunta. Assinto.

    — Bella — Nina me chama. — Quer ir lá em casa para estudarmos para a prova de amanhã? — Simon revira os olhos. — Desculpa, Simon. Se você se desse bem com o meu irmão eu até te chamava, mas hoje ele vai estar em casa e não seria muito legal vocês se matarem lá. Minha mãe e meu irmãozinho vão estar, ele é meio sensível para sangue. — Ela diz irônica. Seguro uma risada.

    — Bella, eu pensei que faríamos algo juntos hoje. — Simon me olha, aparentemente triste. Suspiro.

    — Por que nós não saímos amanhã? Durante a parte da noite eu estou livre amanhã. — Olho para ele que assente.

— Tudo bem. Vou voltar para o meu lugar. — Ele sai assim que a professora entra na sala.

...

Acabamos de estudar agora. Noah também está aqui na sala com a gente enquanto conversamos.

— Bella, você pode me ensinar algumas palavras em português? — Noah pergunta com seus olhinhos arregalados, rio.

— Não enche, Noah. — Nina joga uma almofada na direção dele que desvia.

— Claro que ensino, Noah. — Ele pula da poltrona e vem correndo ao sofá se sentando ao meu lado. — O que você quer aprender? — Ele faz cara de pensativo.

— Como diz "Buenos Dias"? — Ele sorri animado.

— Se diz "Bom dia." — Ele repete com um pouco de sotaque.

E "hermano"?

— "Irmão"

Irmao? — Ele diz de um jeito engraçado sem pronunciar o acento.

— Sim, mas o som do a tem que ser mais fechadinho. Irmão. — Ele repete, dessa vez direitinho.

— E como se diz "escuela"? — Por que ele quer saber tantas palavras aleatórias?

Escola. É quase igual. — Fico surpresa em como ele aprende ouvindo apenas uma vez.

— Por último, como diz "callate"?

— Acho que esse sua mãe não vai gostar muito que eu te ensino. — Nós rimos.

— Não tem problema, tenho cinco anos, já sou grande. — Vou até o seu ouvido e sussurro. Eu sei que não é algo muito feio, mas não é bonito uma criança ficar falando isso por aí. — Cala a boca. — Ele repete. — Ta bem, acho que isso é suficiente. Obrigada. — Ele diz e sai da sala. Nina me olha e ri.

— Esse menino é maluco. — Ela diz ainda rindo.

Ouvimos um barulho na porta e nos viramos para ver. Era Nick. Ele acabou de chegar do treino, aparentemente.

— E aí, mala sem alça, como foi o treino? — Nina pergunta enquanto ele passa irritado por nós.

— Não enche. — Nick está para poucos amigos hoje. Não sei porquê mas me bate uma curiosidade de o que aconteceu.

— Ih, estressadinho. — Ela revira os olhos.

— Vou no banheiro. — Digo me levantando. Não gosto de usar o banheiro social, então vou até o quarto de Nina. No caminho vejo Nick jogado em sua cama com à porta aberta. — Está tudo bem? — Pergunto da porta. Ele levanta a cabeça me olhando e depois deita de novo. — Olha, isso é chato, ta legal? Um dia você está todo bonzinho e querendo me ajudar e no outro me ignora completamente. — Já estou de saco cheio disso!

— Eu estou agindo normal. — Ele responde, aparentemente calmo.

— Ah está sim. Então ser insuportável é o seu normal? — Ele se levanta e vem até mim. Ele abre a boca para falar algo mas desiste. Nick respira fundo fechando seus olhos, abre novamente e finalmente diz algo.

    — Só não fala comigo, Cercatto. — Uau. Como ele pode ser tão bipolar?

— Se é o que você quer.— Saio ao corredor, mas ele é mais rápido e segura meu braço. Me viro novamente e olho em seus olhos azuis, extremamente lindos, que se eu poderia passar o dia inteiro olhando os detalhes. Mas isso não vem ao caso.

— Não foi o que eu quis dizer. — Ele não me solta. — Bella, é que... você é legal demais. — Ele fala como se isso fosse um defeito. Fico confusa.

— O que isso significa. — O olho em espera de uma resposta, que justifique me tratar mal por eu ser muito "legal".

— Eu também não sei. — Ele suspira, em seu rosto há uma feição que não consigo decifrar, mas parece que ele está... triste?

— Então só para de ser babaca e começa a me tratar normal. Como todos os seus outros amigos fazem. — Digo simples e fecha seus olhos balançando sua cabeça negativamente.

— Não é assim que funciona Bella. — Nick desvia seu olhar.

— Então me diz? Como funciona? — Ele solta meu braço e volta para o seu quarto fechando a porta.

Por que ele tem que fazer as coisas serem tão complicadas?

Desisto de ir ao banheiro e resolvo voltar para casa.

Sob os Céus da Espanha - Iza Calcar Onde histórias criam vida. Descubra agora