A Segunda Mordida

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Sim, primeiro eu lhes tirei o espírito, quando suprimi o poder curativo do templo.

Estranho é que, até agora, não tinham trazido alguém para substituir a antiga clérica. Devem estar conseguindo enganar as pessoas com unguentos, poções e remédios.

Esperava que esse comportamento (a venda de chás e poções), junto com a falta de curas, já tivesse enfurecido a aristocracia da cidade. Que bom que a esposa do barão ficou doente, isso acelerou as coisas! Agora tínhamos que preparar as próximas etapas para que tudo saísse de acordo com o plano.

Pois naquele dia, no campo sagrado, foi sacrificada a honra da cidade, com a humilhação da guarda pessoal do barão. E a resposta viria certeira - e provavelmente rápida. Urgia se preparar!

Bora dar um pulo na cidade para saber como foi a recepção dos enviados do barão...

Novamente, me disfarcei de Garn, o humilde caçador, para poder me infiltrar na propriedade do barão e saber como foi a recepção dos homens da guarda, especialmente depois de terem retornado sem o tal sacerdote que foram buscar.

Dito e feito! Como são previsíveis os humanos...

Pelo que soube, o tal barão estava tão ansioso pela chegada do sacerdote que ficou de guarda no hall da sua mansão, até ser informado de que seus homens entraram pelos fundos e estavam sendo medicados.

Ainda na maca, o Sr. Gustav comentou - por alto - que eles não foram tão bem recebidos quanto esperavam, não conseguiram encontrar o sacerdote e, como resultado de alguns desentendimentos, ele e seus homens foram espancados e terminaram naquele estado.

- Esmaguem aqueles insetos!!! Não deixem pedra sobre pedra, nem velhos, nem crianças. Nunca mais quero ouvir falar daquele lugar. Toquem fogo em tudo, joguem sal na terra! Apaguem esses cretinos da história, como se nunca tivessem existido. Toleramos esse lixo por tempo demais, deixamos esse câncer crescer, agora é hora - em verdade, já passou da hora - de arrancar essas ervas daninhas do meu quintal!

Perfeito! Agora era só me preparar para o que estava por vir.

No dia seguinte, bem cedo, antes de todos acordarem, fui ao rio e coloquei muita água na minha caixa de artigos, quase secando a barragem do moinho. Espero que dê tempo de o nível voltar ao normal antes que o pessoal acorde, afinal, temos a barragem para isso, né? Uma reserva de água!

Passei a escala de vigilância com Fineias, Gabi e Gus, para que houvesse sempre, ao menos, dois membros dos batedores vigiando o perímetro dia e noite, especialmente a estrada entre o Moinho e a cidade.

Conhecendo os humanos e seu orgulho, certamente não iriam se sujar vindo pela floresta.

Com tudo acertado, me despedi dizendo que iria à cidade saber como foram recebidos os nossos arautos da nova ordem (sim, não havia dito que já tinha ido à cidade na noite anterior).

Vindo pela estrada, a meio caminho entre o Moinho e a cidade, num ponto onde a estrada contorna uma colina coberta de árvores, em um trecho mais sinuoso, preparei minha armadilha.

Primeiro, uma vala de um metro e meio de profundidade de cada lado da estrada, ao longo de uns 300 metros (uns quase 3 campos de futebol) - grato pela telecinese e pela caixa de itens. Depois, preenchi com a água que retirei do rio próximo ao moinho.

Assim, estava feito o fosso, tornando a estrada um corredor sinuoso, sem escapatória.

Agora era colocar minha armadura preta de Scarn, o Flagelo, cobrir o corpo de preto e colocar o tapa-olho. Vai que um deles sobrevive... Assim, a história já iria se espalhando sobre o novo justiceiro da Floresta do Norte!

Lobo em pele de CordeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora