Saímos pela esquerda, indo pelo corredor lateral da casa, em direção a uma das escadas de serviço que levava ao segundo andar da mansão.
Ao chegarmos no segundo piso, voltamos em direção ao centro da edificação, desta vez por um dos corredores centrais, que davam acesso aos quartos, e não às salas de estar, música e dança, que ficavam nas laterais, perto das janelas, com mais luz — afinal, para dormir, você não precisa de luz, mas de escuridão, certo?
— Sabe que aquela espera e todo aquele chá me deixaram com vontade de ir ao banheiro. Onde tem um aqui nesse andar?
— Desculpe, não entendi!
— Banheiro, toalete, latrina, você sabe, onde se fazem as necessidades básicas de todo ser humano. Não posso ir encontrar a Baronesa cruzando as pernas, certo?
— Quer dizer que o Sr. sacerdote quer ir ao banheiro agora?
— Rapaz, até que você entende português! Sim, isso mesmo!
— Se for difícil, eu posso voltar para a Guilda, que eu sei onde é o banheiro, e outro dia — se der — eu volto, e você explica ao Sr. Barão Eric Von Druquen por que não pude atender a esposa dele, tudo bem?
— Não, tudo bem, é só inusitado. Vamos por aqui então...
Seguimos por um caminho mais estreito, usando as passagens internas da mansão, utilizadas somente pelos serviçais, para chegar à parte mais operacional do castelo. Em uma das laterais da Ala Sul, onde estavam as instalações mais reservadas aos serviçais, havia uma cozinha para o chá, salas para se trocar e, é claro: os banheiros!!!
Pronto, mapeamento da mansão feito, agora vamos para a Baronesa.
Voltando para a Ala Norte, paramos em frente a um dos quartos. Bateram na porta e uma serviçal veio falar conosco, perguntando sobre a interrupção do sono da manhã do Mestre Lúcio.
Aquilo me deixou um pouco ressabiado... Mestre Lúcio? Não estávamos aqui para ver a Baronesa?
Algumas palavras do Sr. Gustav ao pé do ouvido da serviçal e ela voltou para dentro, fechando — cuidadosamente — a porta atrás de si.
Uns minutos depois, uma figura pequena, pálida, fraca e hesitante veio até a porta e, com um suspiro, se resignou a nos acompanhar até uma sala adjacente, acompanhada por uma outra serviçal, esta mais velha e alta.
Devia ser a Baronesa e sua aia pessoal!
O ilustre Sr. Gustav explicou quem éramos e que estávamos — sob as ordens do Barão — para fazer um diagnóstico sobre a frágil saúde da Baronesa.
Ela assentiu com um daqueles sorrisos amargos nos lábios.
Enfim, penso que já tinha assistido o suficiente e achei que era o momento de fazer meu movimento.
— Bem, Sr. Gustav, penso que já estamos todos aqui. Pode deixar que eu assumo daqui, tudo bem?
— Pode ir avisar ao Barão que já estou ciente e que estou fazendo meu diagnóstico.
Diante da cara de perdido do Sr. Gustav, reafirmei:
— Isso, isso, pode ir, que eu assumo daqui.
— Sr. Arnaldo, pode ir com o Sr. Gustav e voltar com um chá e biscoitos para que possamos conversar melhor com a Sra. Baronesa? Brigadão!
Entendendo a deixa, lá se foram os homens, empurrados pelo Sr. Arnaldo, me deixando com a Sra. Baronesa e sua aia na sala.
— Então, agora que eles foram, o que gostaria de falar comigo? Pelo que vejo, a senhora não está doente. Gostaria de saber o que deseja ou espera de mim.
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Lobo em pele de Cordeiro
FantasiA história de Garn, o flagelo do Velho Mundo, sacerdote Do Um, trazido para destruir os humanos encarnados que vieram antes dele mas que escolheram trair o Deus Criador desse mundo, criando uma nova Igreja: a Igreja dos Heróis. Esses antigos encar...