Movimentando mais uma peça, e montando o tabuleiro

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Voltamos a encontrar o Barão quase na mesma posição, só com um pouco menos de bebida no copo.

— Sr. Barão, o que o senhor faz quando precisa treinar as tropas?

— Exercícios, é claro!

— E quando precisa treiná-los para saber como se comportar no campo de batalha?

— Jogos de guerra, é claro!

— E se o senhor quer que uma mulher se acostume, se prepare para a maternidade, onde ela pode treinar e se sentir preparada?

Diante da cara de dúvida e da estupidez da pergunta do Barão, respondi:

— Num orfanato, é claro!

— Onde mais ela terá a oportunidade de treinar como cuidar de crianças e se sentir preparada para cuidar dos seus próprios filhos?

Uma certa luz dessa lógica militar da situação da Baronesa pareceu iluminar a face do Barão, mas logo murchou.

— Sei o que está pensando, como garantir a segurança? Deve "perder homens" da guarda da cidade para vigiar um bando de crianças indo de um lado para o outro, sendo limpas e alimentadas? Eu digo: contrate um caçador diretamente da Guilda. Assim fica mais barato, não compromete o seu orçamento, é mais discreto e esse caçador poderá lhe dar relatórios periódicos. Que tal?

— Sim, sim, sim, isso pode dar certo!

— Pode arranjar isso para mim? Digo, o senhor tem contatos na Guilda, certo? E o senhor — virando para o Sr. Arnaldo — seria o guarda-costas da minha esposa?

— Sr. Barão, melhor que seja uma mulher. Assim levanta ainda menos suspeitas: só mulheres indo cuidar das crianças do orfanato da cidade. E o senhor ainda fica como beneficiário, isso vai ser bom para a sua reputação, certo?

— Sim, sim, sim, vamos fazer isso.

— Pode deixar comigo!

Completei, finalizando a minha tarefa na mansão do Grande Barão Eric Von Druquen.

E assim voltamos para a Guilda.

Falando com o Sr. Fred, lembrei a ele da Cláudia, uma caçadora que retornou da aposentadoria, maga do elemento água. Seria uma ótima indicada, certo, Sr. Fred? Claro, uma representante da comunidade do Moinho, mas o Barão não precisava saber disso, certo?

E assim, a Baronesa começaria a frequentar o Orfanato da Cidade duas vezes por semana, escoltada por uma das agentes do Moinho. Ou seja, coloquei - com sucesso - uma agente no interior da Mansão do Barão, assim como recrutei uma agente dupla!

E assim terminou minha primeira semana como sacerdote itinerante na cidade. Precisava voltar para o Moinho, pois minha semana investigando os Guinchadores havia terminado.

Numa manhã de sol, como se nada estivesse acontecendo, passei pelo balcão da Guilda, num momento em que a Luci, nossa recepcionista, estava atarefada cuidando de uma papelada qualquer, e falei casualmente como se nada fosse:

— Srta. Luci, vou visitar um paciente fora da cidade. Se alguém perguntar, eu já volto, tudo bem?

— Ok, ok, ok, entendi...

Ela respondeu, mal tirando os olhos da papelada.

E agora, de volta para o Moinho!!!

Sair da cidade, entrar no mato, sair da pele, guardar, sacudir as pernas de uma semana me sentindo arrastando um corpo que não era mais o meu por aí...

Chegando, fui logo pedir os relatórios...

— Brigada, algo novo?

— Belial, como estão os treinamentos?

Lobo em pele de CordeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora