Agora cabia a mim fazer com que esse início desse todos os frutos de que eu necessitava.
Após o alvoroço inicial, as pessoas foram se acalmando. Quem necessitava, recebia sua cura, como em um dia normal, que é exatamente a história que eu queria que fosse contada à noite, quando todos voltassem para suas casas. A narrativa de que alguns homens vieram à floresta sagrada fazer bagunça, mas foram expulsos, só isso.
Essa seria a narrativa perfeita: pura, simples, casual, discreta, sem margem para interpretações dúbias.
Quando já era meio-dia, nos reunimos onde estavam amarrados os homens do barão: um local afastado, onde um círculo de pedras formava uma clareira. Os estômagos dos poucos guardas que estavam acordados já começavam a dar sinal de vida (e uma vida ruidosa).
Ainda amarrados, ainda vendados, mas proferindo ameaças e avisos de vingança.
- Isso não vai ficar assim, vocês não sabem com quem estão mexendo! Se me soltarem agora, pode ser que eu consiga reduzir o castigo de vocês....
Esse tipo de coisa.
Mas isso iria mudar agora, e rápido.
Como havia instruído, ninguém falava com eles, não importava o que dissessem.
- Apenas os mantenham sentados e confinados. Quem tentar se levantar, leva uma porrada nas costas ou pernas para continuar no chão.
Quem tentava se levantar, apanhava, até que quase ninguém mais tentava, e as vozes e reclamações começaram a diminuir. Nem mesmo o Sr. Gustav, o pau-mandado do Duque, arriscava falar algo...
Minha vez de intervir. Afinal, eles passaram a manhã inteira pensando no que iria acontecer.
Andando ao redor deles, comecei a falar:
- Ora, ora, ora... o que temos aqui? Parece que esses humanos finalmente estão aprendendo a se comportar, né? Será que, depois dessa primeira lição, já melhoraram seus modos?
- Será que já saber como se comportar como visitas na casa dos outros?
- Vamos ver... você aí, com se chama?
Chutei as costas de um guarda particularmente encolhido.
- Por favor, não me matem!!! É minha primeira patrulha, eu nem queria vir! Não me falaram que seria uma missão perigosa, era só buscar um homem na periferia da floresta e voltar antes do almoço, nada complicado!
- Matar? Quem falou em matar? Acha que somos animais? Bem, se pensam isso, talvez devêssemos agir como animais, certo?
E me dirigindo aos demais:
- E Então, gente? Quem está com vontade de comer aqui? Quem acha que desse aqui dá para fazer um lanchinho? Pessoalmente, já estou ficando com fome...
- Hum... até que, de pertinho, as pernas dele parecem suculentas, né?
- Melhor comer só uma, né? E deixar a outra para o jantar, certo?
Me dirigindo ao homem encolhido, chutei-o novamente e perguntei:
- E então, qual perna você quer primeiro? A esquerda ou a direita?
- Desculpa, não entendi...
- Qual das suas pernas você quer que seja comida primeiro, é claro?
- Como assim, comida primeiro?
- Gente, segurem ele aí que eu já vou pegar o machado...
Arrastei uma marreta pesada pelo chão de pedra, levantei-a no ar e quebrei a perna esquerda do rapaz. Ele começou a agonizar no chão, berrar, xingar, chorar, até finalmente desmaiar...
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Lobo em pele de Cordeiro
FantasyA história de Garn, o flagelo do Velho Mundo, sacerdote Do Um, trazido para destruir os humanos encarnados que vieram antes dele mas que escolheram trair o Deus Criador desse mundo, criando uma nova Igreja: a Igreja dos Heróis. Esses antigos encar...