Tomada do Território

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Com o fim da guarda da cidade, ou ao menos com a significativa redução de seus números (em verdade de quase todos), não restou outra opção ao pobre barão Saboia a não ser contar com os valorosos caçadores para fazer as rondas e cuidar da segurança da cidade.

Conforme já havia combinado com o Sr. Fred, levei metade da brigada de intervenção do Moinho para se registrar como caçadores, assim como mais alguns antigos caçadores, agora recuperados de suas feridas, para reforçar o pessoal da Guilda.

Assim, em menos de uma semana, era nosso pessoal que controlava toda a Cidade Baixa, bem como a segurança noturna dos portões da cidade. Claro, todos escolhidos pelo Sr. Fred e aditivados por mim em termos de magia e habilidades.

Exceto pelo distrito dos nobres e a prefeitura, tomamos toda a cidade, sem derramar uma gota de sangue... quer dizer, sem derramar uma gota do nosso sangue.

Quanto aos corpos, depois de tirar todas as armas e armaduras, levei-os, pouco a pouco, para a floresta ao norte, para alimentar o processo de formação da masmorra. Os Guinchadores e outros monstros ficaram muito felizes com o suprimento de carne para o inverno. Chato era ter que ir semanalmente distribuir os corpos, mas afinal temos um plano, certo?

Claro, fiquei com parte do armamento, armaduras e algumas das peles guardadas na minha caixa de artigos. Afinal, ainda poderia fazer uso de um ou dois deles no futuro, né?

Com a posse do território, poderíamos iniciar a fase final do plano.

Baseado na primeira visita do Mestre à cidade, confirmamos nossa suspeita de que a cidade, como um todo, era uma masmorra, e aqueles que carregavam sua marca eram obrigados a obedecer ao mestre da masmorra.

Ou seja, era como se a área da cidade fosse um grande labirinto, e os nobres estavam tratando o povo fera como os monstros dessa masmorra, deixando-os presos ao território e à vontade de quem controlava o núcleo da masmorra.

Nessa época, eu quase nunca voltava para a aldeia, dividindo meu tempo entre o Moinho e as patrulhas nas ruas, removendo os selos das pessoas na Cidade Baixa.

Com a diminuição do efetivo da guarda, não havia mais pessoal para fazer as batidas e recolher os escravos nos bairros da parte baixa, então essa mudança — de cada vez menos gente com o selo de escravidão — passou despercebida.

Melhor para nós, que aos poucos fomos removendo as marcas das pessoas, eliminando os atravessadores (comprando alimentos direto do pessoal do Moinho), caçando e erradicando as redes de agiotas e aproveitadores da miséria e desespero da população de baixa renda. Humanos ou não-humanos, para marginalizar, não se faz distinção de raça!

No meio dessa nova dinâmica, fui me aproximando da Catedral e do bairro dos nobres, para entender melhor como atuar nessa parte da cidade.

Ainda havia uma coisa confusa para mim, e para o Mestre também. Para controlar o núcleo da masmorra, era necessário ter poder mágico, afinal, a masmorra é parte deste planeta, e somente os filhos Do Um possuem magia (os humanos "puros" só possuem habilidades).

Assim, eu precisava me aproximar da "Nobreza", ou de quem quer que estivesse controlando a cidade, para usar minha habilidade de avaliação e entender melhor como isso acontecia.

Incrivelmente, foi o evento com o Sr. Gustav, capataz do barão, que me deu uma ideia.

Pelo que entendi, eles não sabiam como era esse tal de curandeiro. Usando os contatos da Guilda e a pele de um caçador perdido que se aventurou demais na floresta do norte, cavei essa oportunidade.

Como o sacerdote não precisa ser registrado na Guilda, nem na igreja na verdade, essa seria uma boa forma de me infiltrar e buscar uma abertura até a tal esposa do barão. Ao menos, era o que eu achava.

Lobo em pele de CordeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora