Se deu tudo certo, hum, quer dizer, quase certo (afinal, a chacina final não estava, exatamente, nos planos), era chegada a hora de acionar o plano de fechamento para garantir o desfecho mais desejado.
Quando o dia raiou, as equipes de rescaldo, ajuda e reconstrução do Moinho entraram na cidade; e, desta forma, a retomada da civilização teve início. Agora que não tinha mais o núcleo, todos poderiam entrar e sair da cidade.
Montaram uma cozinha comunitária no orfanato, e ali iniciaram-se os trabalhos de refeição, distribuição de roupas e atendimento aos feridos.
Com a ocupação da cidade pelos caçadores, a situação se normalizou e pudemos "resgatar" a Baronesa e o Jovem Barão do orfanato — ainda bem que eles não estavam na catedral, né?
Com a eliminação total da guarda, os caçadores assumiram a segurança. Que conveniente, né?
Com a ajuda das equipes de artesãos e curandeiros do Moinho, iniciou-se a reconstrução, onde foram assumidos os estabelecimentos comerciais que os antigos proprietários estavam — ou foram — mortos. Desta forma, a filial assume a matriz, e assim os negócios se mantiveram, prontos para poderem voltar a operar.
A equipe dos batedores se coordenou com os caçadores da cidade para remover os corpos da cidade e afastar o risco de uma epidemia, levando-os para a floresta para serem "cuidados" pelos Guinchadores...
Mais uma vez, a nossa equipe de intervenção rodou a cidade para verificar se nossa lista de pessoas "amigas" tinha recebido a devida visita, ou dos Guinchadores, ou da onda de revolta dos escravos, e que quem não poderia sobreviver para poder garantir a nova ordem social, teria encontrado seu destino final.
Nessa lista estavam os vendedores de escravos, o Monsenhor e seus sacerdotes. Esse time estava com a missão de — ainda sob a fumaça da noite anterior — eliminar essas possíveis ameaças para a retomada da nova ordem social.
A Baronesa foi levada para a Prefeitura e assumiu interinamente a governança da cidade, em nome do Jovem Barão, até que ele atingisse a maioridade, e assim o que sobrou da nobreza da cidade voltou para a mansão.
Mas ficou somente com a representação de Estado, mas não de governo, pois esse passou para as mãos do novo e recém-empoderado conselho de anciãos da cidade, que passou a ser responsável por reestabelecer a ordem. Sim, todos eles já selecionados por nós e que estavam já de prontidão para assumir os seus cargos, já com os planos de uso do espaço e recursos da cidade.
Para colocar ordem nesse pardieiro, foi nomeado um Prefeito, nomeado pelo próprio Conselho de Anciãos para implementar as decisões do próprio Conselho, que, no caso, foi o Sr. Fred, que saiu da chefia da Guilda para assumir a direção da cidade.
Na Guilda, para ocupar o lugar vago, o Sr. Belial assumiu o comando, para manter os trabalhos dos caçadores para o lado de fora da cidade coordenados e em linha com o controle da população dos monstros da Floresta do Norte, que todos concordavam que era uma prioridade para que algo similar ao que foi visto: "nunca mais volte a acontecer".
Para a chefia da nova Guarda da Cidade, foi nomeado o Caçador Arnaldo, que — inclusive — teve destaque durante o combate aos invasores.
Para formar a nova Guarda, foram incorporados membros da Guilda, da equipe de intervenção, da Brigada Ligeira do Moinho e mais alguns jovens da aldeia. Assim, com sua nova representatividade e identificação com as populações da cidade, moinho e aldeia, estariam mais inclinados a serem reconhecidos na sua representatividade e, assim, possivelmente mais respeitados que temidos.
Para identificar os novos membros da nova guarda, foram feitos novos uniformes, um colete que poderia ser colocado por cima de qualquer armadura e, assim, fossem facilmente identificáveis pela população.
Foi determinado que a nova direção da cidade deveria se concentrar na produção de grãos e peças produzidas com base no material obtido junto à Floresta do Norte, como já havia sido experimentado no Moinho, agora expandindo para a cidade toda.
Assim, o passado, com a economia baseada no uso dos escravos e venda dos serviços associados ao uso dessas pessoas, poderia ser ultrapassado, fazendo com que a nova população de cidadãos livres pudesse ter uma ocupação econômica para obter seu sustento, expandindo as linhas comerciais já iniciadas pelo pessoal do Moinho.
A área da catedral foi direcionada para ser a sede da nova Guilda de comerciantes da cidade, com as instalações para a hospedagem dos sacerdotes convertida em uma escola de artesãos para formar a base produtiva da nova economia.
E assim pude descansar com a sensação de serviço bem-feito e observar os frutos dos trabalhos de todos darem os tão almejados frutos!
Finalmente, pude retomar minhas aulas e rotinas de visitas com o Mestre na aldeia. Descendo para o Moinho nas manhãs da Lua Nova para acolher as crianças, minha aula dominical, distribuir o famoso mingau da panela que nunca acaba e fazer as curas dos fiéis Do Um.
Com a diferença que, agora, tinha a companhia da Lídia, que residia permanentemente no Moinho.
Ela ainda não se sentia segura em voltar para a cidade, nem via razão, pois ali, cuidando do bosque sagrado e aprendendo sobre a doutrina Do Um, ela se sentia acolhida e um membro útil da sociedade.
A cada passagem da segunda lua, eu passava na cidade, verificava o andamento da reconstrução, como estavam as atividades na Guilda dos comerciantes, e perguntava se era necessário aumentar a área de plantio ou se já poderíamos renovar os nossos campos com outras culturas.
Sem contar que, estendendo o sistema de cultivo das três irmãs — prática ancestral nas Américas (obrigado, YouTube) — com a associação de culturas entre: gramínea (trigo, cevada, aveia, milho), leguminosa (feijão, soja, sorgo) e uma cucurbitácea (abóbora, melão, melancia), para os campos cultivados pelo pessoal da cidade, nossa produtividade aumentou e diminuiu nossa dependência de importação de alimentos de outras cidades.
Verificava se era necessário intervir em algum pedido da Guilda que fosse muito complicado para os caçadores atuais e fazia o trabalho do Glênio, curando os caçadores.
Parece que esse precedente de ter um curandeiro passando periodicamente na Guilda ficou no lugar do serviço prestado pela Catedral.
O que foi bom, pois, como passei a habilidade de cura para outras pessoas, elas também poderiam oferecer esses serviços e, assim, nunca mais, uma Catedral seria necessária (Amém).
Tudo parecia bem, tudo parecia estar indo bem; na verdade, tudo parecia que estava indo para melhor.
Nossa, tudo estava indo de vento em popa, né? Por que mexer em time que estava ganhando...
Não mais escravos, todas as tribos integradas, vivendo e trabalhando em conjunto, todos prosperando, a cidade sendo reconstruída num modelo de equidade entre as raças e com mais democracia e participação...
Mal sabia eu que alguém vinha para chacoalhar esse meu abacateiro.
Estava mesmo bom demais para ser verdade!
Os primeiros sinais vieram do Mestre.
Um dia ele acordou com a face suada, agitado, como se a noite de sono não tivesse sido assim tão reparadora.
Quando eu perguntei, ele desconversou e me mandou ir na frente cuidar dos afazeres do dia, pois lembrou que tinha algumas coisas a tratar.
E assim foi a semana toda, o mês todo, e lá ia o Mestre, no Moinho, na cidade, na Guilda, e todos os olhares se tornavam rápidos. Conversas morriam assim que eu entrava na sala, pessoas interrompiam o riso, e não havia como ignorar que o clima definitivamente havia mudado!
E então ela chegou!
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Lobo em pele de Cordeiro
FantasyA história de Garn, o flagelo do Velho Mundo, sacerdote Do Um, trazido para destruir os humanos encarnados que vieram antes dele mas que escolheram trair o Deus Criador desse mundo, criando uma nova Igreja: a Igreja dos Heróis. Esses antigos encar...