Dodicesimo

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Abby Green
Roma, Lacio

A noite em Trastevere estava repleta de aromas tentadores e uma energia vibrante que fazia Roma parecer mais mágica do que nunca. Eu e Damiano caminhávamos pelas ruas de paralelepípedos, passando por trattorias movimentadas e lojas charmosas, com as luzes amarelas e quentes refletindo nos edifícios antigos.

— Aqui é lindo. — comentei, admirada com a atmosfera boêmia do bairro.

— É um dos meus lugares favoritos em Roma. — disse Damiano, sorrindo. — Sempre que posso, venho aqui para comer. Você vai adorar o restaurante que escolhi.

Após alguns minutos de caminhada, chegamos a uma pequena trattoria com mesas ao ar livre, cobertas com toalhas de mesa xadrez vermelhas e brancas. O garçom nos levou a uma mesa sob uma árvore frondosa, onde as lanternas penduradas nas folhas criavam um jogo de luz e sombra.

— Bem-vindos. — disse ele, enquanto nos entregava os cardápios. — Posso sugerir o cacio e pepe? É um clássico de Roma.

Concordamos com a sugestão e também pedimos uma taça de vinho tinto local para Damiano e uma água com gás para mim. Quando o garçom se afastou, Damiano me olhou com um sorriso curioso.

— Então, conte-me mais sobre você. — pediu. — Quero conhecer todos os detalhes que fazem de Abby quem ela é.

Eu respirei fundo, pensando por onde começar.

— Bom, acho que posso começar falando da minha irmã mais nova, Bea. — disse eu, um sorriso surgindo em meus lábios ao pensar nela. — Ela tem 21 anos, está terminando a faculdade de Moda e mora com nossos tios.

— Moda? Isso é interessante. — disse Damiano, servindo-nos vinho. — Ela deve ser muito criativa.

— Ela é. — concordei. — Sempre foi apaixonada por design e criação. Desde pequena, adorava fazer roupas para as bonecas e até para mim. Acho que essa paixão a ajudou a superar muitas coisas.

— Como o quê? — perguntou Damiano, sua expressão se tornando mais séria.

— Nosso pai nos deixou quando minha mãe morreu. — expliquei, a tristeza misturando-se com a aceitação em minha voz. — Eu tinha dez anos na época e Bea era apenas uma garotinha. Ele simplesmente... desapareceu.

Damiano colocou a mão sobre a minha, um gesto de conforto.

— Sinto muito, Abby. Isso deve ter sido muito difícil.

Eu acenei, sentindo um nó na garganta.

— Foi. Eu tive que crescer rápido para cuidar de Bea. Nossos tios nos acolheram, mas foi um período confuso e doloroso. Perder nossa mãe foi devastador, e a ausência de nosso pai só tornou tudo mais difícil.

Ele apertou minha mão suavemente.

— Você parece ter feito um ótimo trabalho cuidando da sua irmã. Ela deve ser muito grata por ter você.

— Eu espero que sim. — respondi, sorrindo tristemente. — Fiz o melhor que pude com o que tínhamos. Mas sempre houve essa sensação de que algo estava faltando. Bea e eu somos muito próximas, mas o vazio deixado pelos nossos pais nunca desapareceu completamente.

O garçom voltou com nossos pratos de cacio e pepe, e o aroma delicioso do queijo e da pimenta preencheu o ar. Começamos a comer, o silêncio preenchido por nossas memórias compartilhadas.

— E quanto a você? — perguntei, mudando de assunto. — Sua família parece ser muito unida. Sempre quis saber como é crescer com tanta gente por perto.

La Paura Del Buio - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora