Ventiduesima.

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Abby Green
Los Angeles, CA

A primeira noite de Beni em casa deveria ter sido o epítome da paz e felicidade recém-descobertas. Ao invés disso, se revelou uma maratona de frustração e desespero.

Beni começou a chorar por volta das 10 da noite, e embora no início eu estivesse relativamente calma, depois de algumas horas de tentativas fracassadas de acalmá-lo, a ansiedade começou a se infiltrar. A princípio, tentei de tudo: balançar, amamentar, cantar suavemente, mudar sua fralda. Nada parecia surtir efeito. Ele continuava a chorar, com o rosto vermelho e os pequenos punhos cerrados, enquanto eu sentia minha confiança evaporar.

— Shh, Beni — está tudo bem eu sussurrava, tentando manter a calma na voz. — Mamãe está aqui.

Damiano, que estava na sala de estar, logo ouviu meus esforços falhando e veio para o quarto. Ele olhou para mim, e pude ver a preocupação em seus olhos.

— Deixa eu tentar — ele sugeriu, estendendo os braços para pegar Beni. Eu entreguei o bebê a ele com um suspiro aliviado, embora uma parte de mim soubesse que ele provavelmente enfrentaria o mesmo desafio.

— Vai dar tudo certo — ele disse, mais para mim do que para Beni, enquanto começava a balançá-lo suavemente.

Sentada na cama, observando Damiano, eu me senti impotente. Ele tentou de tudo também: caminhou pelo quarto, balançou Beni no ritmo de uma canção que murmurava baixinho, até tentou usar um aplicativo de ruído branco no celular. Mas nada parecia funcionar. O choro continuava, incessante.

— O que estamos fazendo de errado? — perguntei, minha voz trêmula de cansaço e frustração.

— Não sei — Damiano respondeu, balançando a cabeça. — Talvez ele esteja com algum desconforto, ou apenas se ajustando.

O relógio marcava 1 da manhã e o choro persistia. A essa altura, eu estava exausta. Cada minuto parecia durar uma eternidade. Beni estava enrolado em uma manta que minha mãe havia feito para mim, e eu não conseguia deixar de pensar em como ela teria sabido o que fazer. Eu senti uma saudade intensa, uma dor que não era apenas pela falta de sono, mas pela ausência de alguém que eu nunca mais veria.

— Vamos tentar o banho — sugeri finalmente. — Talvez a água morna ajude.

Damiano concordou, e juntos levamos Beni para o banheiro. Preparamos uma banheira pequena com água morna e cuidadosamente colocamos Beni nela. Ele parou de chorar por um momento, o que nos deu um fio de esperança, mas logo recomeçou.

— É como se nada funcionasse — eu disse, sentindo as lágrimas se acumularem. — O que mais podemos fazer?

— Não sei — Damiano respondeu, igualmente exausto. — Talvez ele só precise de tempo.

Tiramos Beni da banheira, secando-o com uma toalha macia, e o colocamos de volta no berço. Mas o choro continuava. Era quase insuportável ver meu filho em tal desconforto sem poder fazer nada para ajudá-lo.

— Ele precisa dormir — murmurei, minha voz embargada. — E nós também.

Damiano tentou cantar uma canção de ninar novamente, uma antiga que sua avó costumava cantar para ele. Ele balançava Beni, tentando ao máximo acalmá-lo, mas o bebê ainda parecia inconsolável.

— Talvez ele esteja com fome de novo — Damiano sugeriu, desesperado por tentar algo novo.

Eu balancei a cabeça, embora tivesse amamentado Beni há pouco tempo. Peguei-o de volta, ajustando-o para amamentar novamente. E, por algum milagre, ele pareceu aceitar. Por alguns momentos, o choro diminuiu, e eu me senti grata por qualquer alívio, por mais breve que fosse. Mas depois de alguns minutos, o choro recomeçou.

La Paura Del Buio - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora