Trentacinquesimo.

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Abby Green
Dublin, Irlanda

Na manhã seguinte, acordei sobressaltada na cama de Damiano. O quarto estava silencioso, o sol penetrava pelas cortinas parcialmente fechadas, e a dor de cabeça pulsava, consequência dos excessos da noite anterior. Olhei para Damiano, ainda adormecido ao meu lado, e a lembrança do que eu tinha confessado na noite anterior me atingiu como uma onda gelada.

Não podia encarar isso agora. Não com essa ressaca. Não com ele. Levantei-me cuidadosamente, tentando não fazer barulho. Passei as mãos pelos bolsos das minhas roupas da noite passada, tentando localizar a chave do meu quarto. Finalmente, meus dedos encontraram o cartão no bolso da calça.

— Ah, claro, agora você aparece, — murmurei irritada com o cartão enquanto o puxava. Se eu tivesse me lembrado disso antes, teria evitado... bem, tudo o que aconteceu. Suspirei, olhando uma última vez para Damiano antes de sair.

Assim que a porta do quarto dele se fechou atrás de mim, respirei aliviada. Com sorte, ele continuaria dormindo e eu não precisaria encarar aquele olhar inquisidor que ele sempre usava quando sabia que algo estava errado. Caminhei pelo corredor do hotel, ainda tonta, até chegar ao meu quarto. Abri a porta e entrei, o silêncio acolhedor me recebeu.

Dirigi-me ao banheiro e me olhei no espelho. Olhos inchados, cabelo desgrenhado. Eu precisava de um banho e de um bom café. Mas, antes disso, peguei meu telefone e liguei para Rosa.

— Oi, mamãe! — A voz de Beni soou animada no FaceTime, enchendo a tela do meu celular.

— Oi, meu amor! — Eu sorri, toda aquela confusão da noite anterior desaparecendo ao ver o rosto de Beni. — Como foi a noite com a vovó e o vovô?

— Foi muito legal! — Ele respondeu entusiasmado. — O vovô me levou para uma cafeteria temática do Roma para tomar café da manhã. Tinha um monte de coisas legais e eu até ganhei um copo com o logo do time!

— Uau, que bacana! — Eu ri, sentindo uma pontada de saudade. — E o que você vai fazer hoje?

— Não sei ainda, mas o vovô disse que vamos fazer um monte de coisas divertidas! — Ele riu, o entusiasmo brilhando em seus olhos.

— Fico feliz, meu amor. — Suspirei, contente ao ver que ele estava aproveitando. — Comporta-se, tá?

— Sim, mamãe! — Ele acenou com a cabeça vigorosamente.

Rosa apareceu na tela, sorrindo. — Oi, Abby. Como está a viagem?

— Está bem, — respondi, tentando parecer mais animada do que me sentia. — Mas estou com uma ressaca das bravas. Acho que exagerei um pouco ontem à noite.

— Isso faz parte, — ela riu. — Não se esqueça de aproveitar esse tempo para si mesma. Você ainda é jovem e merece se divertir, mesmo que seja por apenas três dias.

— É, eu sei, — respondi, meio distraída. — Mas me sinto um pouco culpada por ter passado do limite.

— Não se sinta. Você está de férias, e Beni está se divertindo muito aqui. — Ela fez uma pausa, olhando para mim com carinho. — Só aproveite.

— Vou tentar, — disse, dando um sorriso cansado. — Obrigada, mãe.

Encerramos a chamada, e sentei-me na cama, a cabeça ainda latejando. Precisava de um plano para hoje, algo que me ocupasse e me distraísse de tudo o que tinha acontecido e da confusão que era meu relacionamento com Damiano. Mas, antes de tudo, precisava de um café. E talvez de um analgésico.

Depois de me arrumar e tomar um analgésico, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Phoebe. Precisava desabafar e acreditei que um café com ela seria o remédio certo para minha ressaca mental e emocional.

La Paura Del Buio - Damiano David. Onde histórias criam vida. Descubra agora