La Paura Del Buio - Damiano David.

Venticinquesimo.

Damiano David
Los Angeles, CA

Acordei com o som insistente do telefone vibrando na mesinha de cabeceira. Os olhos ainda pesados de sono, tateei até encontrar o aparelho. Era minha mãe. O toque contínuo me obrigou a atender antes mesmo de estar completamente desperto.

— Alô — murmurei, a voz rouca.

— Damiano, querido...me desculpa te acordar, esqueci completamente do fuso horário — a voz de minha mãe soou animada do outro lado. — Eu estava me perguntando se você e Abby já conversaram sobre o batizado do Beni. Sua avó está na minha orelha sobre isso, você sabe como ela é.

Olhei em volta, esperando encontrar Abby ao meu lado, talvez com Beni no bercinho ao lado da cama. Mas o lugar estava vazio. O alarme de pânico começou a soar em minha mente.

— O quê? — Perguntei, forçando-me a focar na conversa. — Não, ainda não falamos sobre isso, mãe.

— Tudo bem, querido — respondeu Rosa. — Mas é bom começarem a pensar nisso. Você sabe como essas coisas são importantes para a família. Está tudo bem com você e Abby?

A pergunta dela, simples e direta, perfurou meu coração. Fechei os olhos, lembrando da noite anterior. Abby se levantando da mesa, a mensagem de Dove, e a discussão que acabou com ela voltando para seu apartamento com Beni. Eu me sentia como se estivesse no fundo de um poço sem saída. Não queria preocupar minha mãe com meus problemas, especialmente agora que tudo parecia tão frágil.

— Está tudo bem, mãe — menti, tentando soar convincente. — Só estamos um pouco ocupados com Beni e o trabalho. Vamos falar sobre o batizado em breve, prometo.

— Tudo bem, querido — disse ela suavemente. — Lembre-se de que estamos aqui para qualquer coisa, ok? Eu te amo.

— Eu também te amo, mãe — murmurei antes de desligar.

Deixei o telefone cair no colchão ao meu lado e respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos turbulentos em minha cabeça. A falta de Abby ao meu lado era um vazio palpável, e a ausência de Beni tornava tudo ainda mais insuportável. Levantei-me e fui até o quarto do bebê, meio esperando encontrar alguma coisa que explicasse sua ausência. Mas o berço estava vazio, o quarto silencioso.

- PORRA! — gritei.

O que deveria ter sido um símbolo de nosso futuro juntos agora parecia uma cruel ironia. Sentei na beira do berço, a madeira fria e dura pressionando contra minha pele, e enterrei o rosto nas mãos.

Tudo que eu tinha planejado, toda a surpresa da casa nova, o futuro que imaginara para nós três, tudo parecia estar desmoronando. A mensagem de Dove tinha sido um golpe baixo, um erro colossal. Abby não acreditara em mim, e agora ela se foi, levando Beni junto. As paredes do apartamento, que antes pareciam cheias de promessas, agora se fechavam sobre mim, cheias de dúvidas e medos.

Levantei-me e fui até a cozinha, tentando encontrar algum resquício de normalidade. Os pratos da noite anterior ainda estavam na pia, e a lembrança da discussão voltou com força total. Abri a geladeira, sem saber exatamente o que procurava, e depois a fechei com um suspiro frustrado.

Abby e Beni não estavam ali, e eu não sabia como trazer ambos de volta. O silêncio do apartamento, que antes era um refúgio, agora parecia ensurdecedor.

Voltei para o quarto, peguei o telefone e pensei em ligar para Abby. Digitei seu número, hesitei, e finalmente cancelei a ligação. Não sabia o que dizer, como explicar algo que ela não queria ouvir. Como fazer ela acreditar em mim? Como convencê-la de que Dove estava mentindo, de que meu amor por Abby era verdadeiro?