NOVE

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ELISA MONTENEGRO

Ver meu avô emocionado por conseguir realizar o sonho dele me trouxe muitas lembranças.

Ele é o responde por todas as lembranças que eu tenho na vida, ele realizou todos os meus sonhos possíveis e hoje eu pude retribuir um pouquinho de tudo que ele já fez por mim.

Tentei segurar as lágrimas, mas quando vi já estava chorando também.

- Eu estou bem e você? - meu avô diz.

- Estou bien. - o jogador diz com o sotaque carregado.

- Essa é a minha bela neta Lili. - meu avô diz me deixando com vergonha.

- Olá, Lili. Tudo bem? - Calleri pergunte eu estranho ele me chamar de Lili, pois só meu avô me chama assim.

Até demorei a respondê-lo, porque processei a voz dele me chamando dessa forma.

- Olá, Calleri. É um prazer. - cumprimento e ele sorri.

Nesse momento eu senti um arrepio na espinha ao ver o homem à minha frente sorrindo. O sorriso dele é como um dia de sol quando a gente está na praia.

- Esse é meu pai. - apresento o outro integrante da família Montenegro que foi ignorado pelo pai.

Meu pai e o jogador se cumprimentam, e então a gente segue andando pelo CT.

Caminhamos bem devagar, pois meu avô está um pouquinho debilitado, e pelo fato de ficar muito tempo deitado, ele sente o peso das pernas atrapalharem a caminhada.

Teimoso que é, não quis vir de cadeira de rodas, para não passar a imagem um velho gagá para seu ídolo.

Chegamos até uma área com árvores e muita sombra. Tinha uma mesa com cadeiras e nela, um banquete de café da manhã. O clube estava recebendo o seu torcedor fanático de uma forma bem carinhosa.

Aquilo aqueceu meu coração, eu não esperava tamanha receptividade. São Paulo nunca decepciona.

Sentamos, meu avô, claro, sentou perto do jogador e os dois começaram a conversar.

- Estar aqui com você hoje é um sonho realizado. Eu já vivi muita coisa graças ao São Paulo, esse clube é uma parte da minha vida, e eu vejo em você a representação do que é ser são paulino. Precisava te dizer isso pessoalmente. - seu Luís diz e o jogador presta atenção em tudo.

- Minha neta disse que eu ia te conhecer, e aqui estou eu. Além de ser muito bonita, ela sabe das coisas. - meu avô diz contente e eu coro minhas bochechas.

- Ela é linda. Você não acha, Calleri? - seu Luís estava demorando para soltar uma pérola bem grande.

- Vô, pelo amor de Deus. - digo sem graça e o jogador rir.

- Gracias por tu cariño, seu Luís. É muito bom ouvir isso de alguém que viveu os melhores momentos do São Paulo. Saber que o senhor, que conheceu o Ceni, o Raí, me considera ídolo, é um presente. - Calleri fala com muita gentileza.

- Você é ídolo sim. Um ídolo não é feito só nos momentos de glórias, e eu sei que as suas glórias com o São Paulo também vão chegar, você merece muito. - meu avô diz deixando o argentino emocionado.

- Gracias novamente, seu Luís. Te ouvir dizendo isso me deixa aliviado. - o atacante comenta.

- Só não sei se eu estarei aqui para ver você sendo campeão, mas de onde eu estiver, estarei feliz. E, a Lili estará aqui, me representando. - ouvimos meu avô dizer isso com toda serenidade que a experiência te trouxe. Ele não estava triste, ao contrário, apesar da emoção, sei que ele estava bem feliz.

PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora