TRINTA E SEIS

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CALLERI

O médico tentou dar a notícia duas vezes, mas não conseguiu. Percebi o desespero no olhar da Lili, então a abracei.

– Me diz, doutor Alberto, seja lá o que for, eu preciso saber. – ela implora, deixando cair algumas lágrimas.

– Elisa, calma. – o médico pede, sua voz carregava emoção e eu não sabia se isso era bom.

– O que aconteceu com meu avô? – ela pergunta mais uma vez.

Já estava com dó dela, por vê-la desesperada querendo notícias.

– Seu avô acordou. Acordou! – o médico diz emocionado.

Agora eu entendo a emoção dele, saber que um paciente que não estava bem, reagiu.

– Meu avô acordou? – Lili fala sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

– Sim, quando nós entramos ele já estava acordado. Fizemos os procedimentos padrões e agora as enfermeiras estão terminando tudo. – doutor Alberto explica.

– Ele está bem? – Lili pergunta.

– Sim. Nós vamos fazer exames para ver se ele vai ter alguma sequela, mas aparentemente ele está bem. – o médico explica.

– Ele te reconheceu? – Elisa pergunta.

– Sim. Ele disse: "o palmeirense". Cismou que eu torço para o Palmeiras. – o médico diz e a gente ri.

– Eu posso entrar pra vê-lo? – a vice pede.

– Espera eu terminar de examiná-lo, assim que puder, eu deixo você entrar. – ele responde.

– Tudo bem. Eu vou esperar aqui. – ela diz.

– Pode ir pra casa, eu peço pra te ligarem quando ele puder receber alta. – o médico diz e ela concorda.

– Está bom. Obrigada, doutor Alberto, muito obrigada. – ela agradece emocionada.

Saímos da sala, eu ia abraçado com ela e depois de dias de sofrimento, ela estava com um sorriso de alívio.

– Jonathan, meu avô acordou. – me abraça forte e começa a chorar.

– Eu disse que ia dar certo. – falo pra ela.

– Obrigada por estar aqui, por existir, argentino. – ela se solta do abraço e segura meu rosto com as duas mãos.

– Você é muito especial para mim. – ela diz e em seguida me dá um beijo calmo e demorado.

– Você também é muito especial para mim, Elisa Montenegro. – digo após nosso beijo e ela abre um sorriso.

– Elisa Montenegro! Há muito tempo que ninguém me chama pelo meu nome completo. – ela fala bem mais tranquila.

– É sempre Lili, não é?! – eu pergunto.

– Na verdade, é Lisa. Só quem me chama de Lili é meu avô e você. – ela explica.

– Sério? – pergunto surpreso com a informação.

– Sim. Meu avô dizia que ninguém podia me chamar de Lili, só ele. E aí, apareceu um argentino metido e começou a me chamar assim. – diz rindo.

– Eu não sou metido. – me defendo.

– É não. Você é incrível. – ela diz voltando a me beijar.

– Vamos para casa? Eu tenho treino daqui a pouco.  – lembro a ela do meu compromisso com o São Paulo.

– Vamos! Você me deixa na casa do meu pai? – ela pergunta.

PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora