VINTE

584 36 9
                                    

ELISA MONTENEGRO

DOMINGO

Hoje tem jogo do Tricolor e eu vou assistir com meu avô. Ainda não contei pra ele que amanhã volto para Londres para resolver as coisas do meu trabalho e meu apartamento.

Mas, assim que o jogo acabar, eu vou conversar direitinho com ele.

Acordei tarde, quando saí do quarto, meu pai estava todo arrumado.

– Vai sair, pai? – pergunto.

– Bom dia para você também, Lisa. – ele diz e eu rio.

– Bom dia, pai. Desculpa. – eu falo dando um beijo em seu rosto.

– Vou almoçar com uma pessoa. – ele diz, e pelo tom de voz e o riso, só pode ser mulher.

– Com quem? – pergunto curiosa.

– Uma mulher que eu conheci. – ele diz cheio de mistérios.

– Eu quero conhecer para ver se aprovo, viu?! – falo pra ele.

– Lisa, eu não sou mais um garoto. Eu sei me cuidar. – ele protesta.

– Mesmo assim, cuidado não tem idade. Depois trate de me apresentar. – eu insisto.

– Se der certo, eu te apresento sim. – ele diz.

– Bom almoço. Vou tomar banho e ir para casa do vovô, vamos ver o jogo juntos. – aviso.

– Sua tia está lá, tenha cuidado com ela. – meu pai alerta.

– Não se preocupe. Não vai acontecer nada. – eu o tranquilizo.

– Sua tia é capaz de tudo. – meu pai diz se levantando.

– Eu sei, mas hoje, pelo menos por hoje, eu estou de boa. – digo.

– Tudo bem. Nos vemos mais tarde. – ele diz saindo.

– Amanhã vou para Londres. – grito e ele volta.

– Amanhã? – pergunta surpreso.

– Sim. Vou resolver umas pendências. – digo.

– Ok! A gente conversa à noite. – ele diz, agora saindo de fato.

Tomei banho, me arrumei, vesti um short preto e a camisa do São Paulo. Fiz uma make bem leve, peguei a chave do carro, uma bolsa e saí.

[...]

– Oi, vovô. – digo ao encontrar meu avô almoçando.

– Lili, já almoçou? – ele pergunta.

– Ainda não. – eu digo.

– Junte-se a nós então. – meu avô diz puxando uma cadeira ao seu lado para eu sentar.

– Você é bem folgada, não é Elisa? – minha tia começa a provocação.

– Lídia! – meu avô a repreende.

– Para pai, de defender essa garota. – ela diz, mas eu não dou importância.

– Ontem você levou aquele jogador para a chácara, a gente não o conhece, só porque é jogador, não dá pra saber que é de confiança. – começa a questionar a presença do Calleri no almoço.

– O Calleri é um ótimo rapaz. – meu avô diz.

– Depois fica se agarrando com ele. Que coisa baixa. – ela me ofende e agora sim me tirou do sério.

– Eu não estava me agarrando com ninguém. Para com isso. – eu falo aumentando o tom de voz.

– Você agarrou ele na minha frente e depois estava abraçada com ele. – ela fala como se isso fosse absurdo.

PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora