ELISA MONTENEGRO
DOMINGO
Hoje tem jogo do Tricolor e eu vou assistir com meu avô. Ainda não contei pra ele que amanhã volto para Londres para resolver as coisas do meu trabalho e meu apartamento.
Mas, assim que o jogo acabar, eu vou conversar direitinho com ele.
Acordei tarde, quando saí do quarto, meu pai estava todo arrumado.
– Vai sair, pai? – pergunto.
– Bom dia para você também, Lisa. – ele diz e eu rio.
– Bom dia, pai. Desculpa. – eu falo dando um beijo em seu rosto.
– Vou almoçar com uma pessoa. – ele diz, e pelo tom de voz e o riso, só pode ser mulher.
– Com quem? – pergunto curiosa.
– Uma mulher que eu conheci. – ele diz cheio de mistérios.
– Eu quero conhecer para ver se aprovo, viu?! – falo pra ele.
– Lisa, eu não sou mais um garoto. Eu sei me cuidar. – ele protesta.
– Mesmo assim, cuidado não tem idade. Depois trate de me apresentar. – eu insisto.
– Se der certo, eu te apresento sim. – ele diz.
– Bom almoço. Vou tomar banho e ir para casa do vovô, vamos ver o jogo juntos. – aviso.
– Sua tia está lá, tenha cuidado com ela. – meu pai alerta.
– Não se preocupe. Não vai acontecer nada. – eu o tranquilizo.
– Sua tia é capaz de tudo. – meu pai diz se levantando.
– Eu sei, mas hoje, pelo menos por hoje, eu estou de boa. – digo.
– Tudo bem. Nos vemos mais tarde. – ele diz saindo.
– Amanhã vou para Londres. – grito e ele volta.
– Amanhã? – pergunta surpreso.
– Sim. Vou resolver umas pendências. – digo.
– Ok! A gente conversa à noite. – ele diz, agora saindo de fato.
Tomei banho, me arrumei, vesti um short preto e a camisa do São Paulo. Fiz uma make bem leve, peguei a chave do carro, uma bolsa e saí.
[...]
– Oi, vovô. – digo ao encontrar meu avô almoçando.
– Lili, já almoçou? – ele pergunta.
– Ainda não. – eu digo.
– Junte-se a nós então. – meu avô diz puxando uma cadeira ao seu lado para eu sentar.
– Você é bem folgada, não é Elisa? – minha tia começa a provocação.
– Lídia! – meu avô a repreende.
– Para pai, de defender essa garota. – ela diz, mas eu não dou importância.
– Ontem você levou aquele jogador para a chácara, a gente não o conhece, só porque é jogador, não dá pra saber que é de confiança. – começa a questionar a presença do Calleri no almoço.
– O Calleri é um ótimo rapaz. – meu avô diz.
– Depois fica se agarrando com ele. Que coisa baixa. – ela me ofende e agora sim me tirou do sério.
– Eu não estava me agarrando com ninguém. Para com isso. – eu falo aumentando o tom de voz.
– Você agarrou ele na minha frente e depois estava abraçada com ele. – ela fala como se isso fosse absurdo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PARA SEMPRE - Jonathan Calleri
Hayran KurguDepois de quinze anos, Elisa vê sua vida mudar novamente, após receber uma ligação. Não estava em seus planos essa mudança, mas tem alguém que precisa muito dela.