VINTE E SETE

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ELISA

Agora eu tenho uma madrasta oficialmente. Meu pai a trouxe para me apresentar na sexta, dia que eu cheguei de viagem.

Eu me dei bem com ela de cara, e ela está fazendo bem ao meu pai, isso que importa.

Nós fomos a uma loja comprar um tênis para ela, meu pai ficou de motorista da gente. Ele tem muita paciência, porque o trânsito estava infernal.

Nós ficamos do lado de fora da loja uns 10 minutos esperando-o.

O nome da minha madrasta é Mara, ela é designer de jóias. Me mostrou alguns dos trabalhos que ela fez e eu achei fantástico.

Meu pai a convidou para ir com a gente no domingo assistir o jogo, ela disse que não entende nada de futebol, a não ser o que é a bola. Eu rir da forma como ela falou. Muito alto-astral.

Perguntei se ela queria uma camisa do São Paulo para vestir, já que todos nós vamos vestidos, pra ela não se sentir deslocada e ela concordou.

Ter a companhia da Mara talvez me faça esquecer que um monte de gente no estádio quer a minha cabeça de bandeja porque o ídolo deles terminou com a ex e eles atribuem a culpa a mim.

DOMINGO

Dia de ir ver o São Paulo com a melhor companhia: meu avô.

Eu sei que hoje o dia promete muitas emoções. Só espero que ninguém me reconheça, ou fiquem com piadinhas, porque se for assim, não deixarei barato.

Dormir na casa do meu avô, meu pai vai passar aqui para nos pegar no horário do jogo.

Acordei cedo e a moça que nos ajuda, estava fazendo o café da manhã.

– O cheiro está maravilhoso. – eu falo pra ela.

– Lisa, já acordou?! – se assusta ao me ver.

– Dia de jogo, estou ansiosa. – falo e ela rir.

– Seu avô está do mesmo jeito, tenho certeza que não dormiu direito. – ela fala e eu concordo.

– Daqui a pouco ele sai do quarto reclamando de alguma coisa. – digo e ao fechar a boca, meu avô saiu do quarto.

– Essa merda pifou. – reclama de um radinho de pilha que ele tem há quase 30 anos.

Ele ouve os jogos no radinho, é uma terapia pra ele.

– Depois eu compro outro para o senhor, vô. Esse aí já durou muito. – eu digo.

– Ele nem tem tanto tempo assim. É novo e já deu defeito. – diz e eu e a moça rimos.

Novo para meu avô é quando tem 30 anos.

– Eu compro outro. Vou procurar um igual, não se preocupe. – eu digo e ele senta à minha frente para tomar café.

Tirei uma foto dele colocando o café na xícara do São Paulo que eu dei de presente em um de seus aniversários.

“Quem tem amor na vida, tem sorte.❤️”. – postei nos stories do Instagram.

– Lili, que horas nós vamos para o Morumbi? – meu avô pergunta.

– Vou falar com meu pai pra ver que horas ele vai passar aqui. – eu respondo.

– Espero que seja cedo, não quero chegar tarde. – reclama mais uma vez.

– Ele vem cedo, não se preocupe. – tento tranquilizá-lo.

Tomamos café, ele só parou de reclamar quando ocupou a boca com comida.

PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora