VINTE E OITO

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CALLERI

Ontem nós vencemos o jogo por 2 a 0, com gols do Galoppo e meu.
Para minha surpresa, quando saí para comemorar, dei de cara com a Lili e seu avô.

Comemorei mandando beijos para o avô dela, com certeza ele era o torcedor mais feliz ao me ver marcar o gol.

Algumas torcedoras ficaram enlouquecidas com a comemoração, com os "beijos", menos a Elisa. Ela não reagiu, ficou parada como uma estátua.

Acho que fiz besteira em comemorar desse jeito, pois se alguém reconhecê-la, só vão aumentar o boato sobre ela ser minha amante.

Eu só faço merda na vida. Se ela já não queria ver a minha cara, se começarem a comentar, ela manda a polícia atrás de mim.

Pensei em mandar mensagem pra ela explicando que o beijo era para o avô, e não pra ela, mesmo eu tendo ficado feliz em vê-la.

Não sei o que está acontecendo comigo. Qualquer migalha que eu recebo dela me faz bem.

Eu sinto falta das conversas que a gente tinha.Tudo terminou tão rápido quanto começou.

Acredito nos encontros da vida, talvez mais na frente eu entenda o porquê da gente ter se conhecido.

Estava cortando umas frutas para fazer uma salada de frutas para tomar café da manhã. Assim que terminei, abri o insta para repostar as publicações do jogo de ontem.

Tinham várias fotos da minha comemoração e das pessoas que estavam à minha frente. Ou seja: Elisa estava bem na frente.

Alguns comentários diziam que eu "estou amando" e atribuíram o gol a isso. Outros diziam "Obrigado moça, meu 9 voltou".

Dessa vez os comentários não ofendiam, nem humilhavam a Lili. Mas mesmo assim, era terrível toda essa exposição.

A culpa dessa vez é minha, quem mandou comemorar daquele jeito?!

Meus pensamentos foram interrompidos com uma ligação da Tefi. Estranhei ela ligar tão cedo, tenho certeza que vem bronca por aí.

– Oi, Tefi. Aconteceu alguma coisa? – pergunto ao atender.

– Jony, você está namorando aquela menina? – ela pergunta sem ao menos me cumprimentar.

– Que menina? – pergunto.

– Dios. Tem mais de uma? Quantas possíveis cunhadas eu posso ter, Jonathan Calleri? – minha irmã diz rindo.

– Tefi, seja mais clara. Eu acabei de acordar, meu raciocínio está lento. – eu peço.

– Jony, você comemorou o gol de ontem mandando beijos para uma pessoa e tem uma moça que saiu bem na frente das fotos, é aquela moça do boato, né?! – ela diz.

– É. Mas a comemoração não foi pra ela. – eu digo.

– Você está apaixonado por ela, admita. – minha irmã diz e eu me espanto.

– O que é isso, Tefi? Eu não estou apaixonado por ninguém. – eu falo tentando me convencer de que isso é verdade. Eu não estou apaixonado por ela.

– Então por que diabos você foi comemorar o gol justamente no lugar onde ela estava? – ela pergunta aparentemente chateada.

– Eu não sabia que ela estava lá. Me surpreendi quando a vi. Esqueceu que a gente não está se falando?! – eu me defendo.

– Estão falando que vocês namoram. – ela diz, com certeza leu as fofocas.

– Pelo menos dessa vez ela não é minha amante. – digo rindo.

– Você está gostando de tudo isso, né?! –  ela me acusa.

– Não, porque não é verdade. – deixo escapar sem nem pensar.

– Então quer dizer que você queria que fosse verdade?! – ela me deixa sem saída.

– Tefi, você entendeu. – é tudo que eu respondo.

– Entendi. Está tudo claro agora. Você está apaixonado pela são paulina. – diz rindo.

– Tefi, já disse que não estou, que insistência. – falo irritado.

– Vou fingir que acredito pra não perder o seu amor. – ela debocha.

– Vou desligar, você está muito chata. – falo.

– A verdade dói, não é?! – contínua debochando.

– Tchau! Te amo. – eu digo.

– Tchau! Dá um beijo na minha cunhada por mim. Também te amo. – ela diz e eu desligo.

Era só o que me faltava, a Tefi implicando comigo por conta desses boatos.

Eu não estou apaixonado por ela, gosto dela como amigo, sinto falta dela como amigo, é só isso.

Será que é tão difícil assim de acreditar?

Voltei a minha atenção para a salada de frutas, comi tranquilamente e continuei olhando as redes sociais.

No twitter, também só falavam da comemoração. O pior é que a foto que tiraram, realmente mostra a Lili bem na frente.

Seria engraçado se não fosse trágico. Atrás delas, várias torcedoras sorriam, mas ela não. Estava bem séria, escondeu o lindo sorriso que ela tem.

– O que é isso, Jonathan Calleri? – falo sozinho, tentando desviar meus pensamentos.

Continuei vendo as publicações e lendo os comentários.
Impressionante que só foi eu fazer um gol para a torcida parar de encher o saco dela.

– Bendito seja esse gol. – digo.

– “Moça, eu nem te conheço, mas já te amo. Cuida bem do nosso 9.” – eu leio o comentário de uma torcedora.

Meu Deus, ela deve estar querendo me matar. Vou torcer para não encontrá-la, vai ser o meu fim se isso acontecer.

Fiquei pensando no que a Tefi falou, e pelos comentários nas publicações, as pessoas devem está achando isso mesmo, que eu estou apaixonado por ela.

Será que eu estou mesmo me apaixonando por ela? Ou é só carência?

Mas se fosse só carência, era só procurar outra.

Da Elisa eu sinto falta, e não é porque ela me beijou. Foi só um beijo, foi bom, muito bom, mas foi só um. Não era disso que eu estava sentindo falta, era dela, da companhia, das conversas que a gente tinha.

Para dar uns beijos e fazer outras coisas a mais, era mais fácil achar, bastava uma mensagem para o Arboleda que o problema estava resolvido.

Eu terminei um relacionamento há pouco tempo, não é possível que eu já esteja apaixonado de novo. Ainda mais por uma mulher que não quer nem saber de mim.

Me diz o que eu faço, Dios! Como é que eu resolvo tudo isso sem machucar ninguém e sem me machucar também?!

Preciso por um ponto final nisso tudo, seja lá o que isso for, antes que as coisas tomem proporções maiores e fuja do controle, se é que já não fugiu.

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Temos um Calleri cheio de dúvidas.

Será que a Tefi está certa?

Votem e comentem para mais capítulos.

Gracias a todos que leram até aqui!

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PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora