VINTE E DOIS

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CALLERI

Ontem a gente teve uma vitória convincente, e eu pensava que o dia ia terminar bem, mas não foi isso que aconteceu.

Elisa ficou extremamente triste pelo fato de terem espalhado fotos do nosso abraço na internet, e as pessoas começaram a chamá-la de amante e ainda estavam acusando-a de ter usado o avô para ficar próxima de mim.

Nenhuma responsabilidade sobre o suposto caso foi dada a mim. Só a ela. E eu fiquei muito mal por isso.

Sobre as fofocas, é só não dá Ibope que elas desaparecem da mesma forma que surgiram.

Como não teremos descanso hoje, me levantei, tomei banho, depois desci e fui fazer alguma coisa para tomar café.

O mais rápido possível foi uma vitamina.

Tomei enquanto olhava para o nada, tendo como companhia o silêncio da casa.

Despertei ao ver que se demorasse mais, chegaria atrasado na Barra Funda.

Entrei no carro e liguei o som, estava tocando uma música e meu subconsciente me dizia que eu já tinha ouvido essa música antes.

A música martelou várias vezes na minha mente, então lembrei que a Lili cantou no dia que fomos almoçar na chácara.

"Diz que é verdade, que tem saudade, que ainda você pensa muito em mim."

Realmente era essa música, ela se empolgou no refrão e esqueceu que eu estava do lado.

Cheguei ao CT, o treino foi mais leve para quem jogou ontem, mas mesmo assim durou a manhã inteira.

Meio-dia eu voltei para casa, joguei a mochila no sofá e fui esquentar a comida no microondas.

Enquanto o prato girava dentro do aparelho, eu rolava os stories do Instagram.

Me surpreendi ao ver que a Elisa estava voltando para Londres. Deve ter ido para esquecer o que aconteceu, ela voltou tão rápido que só pode ter sido isso.

Agora estou me sentindo muito mais culpado. Se eu não tivesse ido àquele almoço, nada disso teria acontecido e ela não precisaria ficar longe do avô.

Não vou me perdoar por isso nunca.

O microondas apitou indicando que a comida já estava quente.
Tirei o prato, coloquei em cima da mesa.
Peguei um suco na geladeira e me sentei para comer.

Pensei em mandar mensagem para a Lili, perguntar como ela está, mas ela não quer contato.

Às vezes os torcedores pegam pesado com a gente, e isso pode trazer consequências terríveis para nossa vida e também para quem estiver envolvido.

Almocei, mas a comida parecia sem gosto, então eu só engoli.

Subi para tomar outro banho e poder descansar um pouco.
O banheiro é um ótimo lugar pra gente pensar nas besteiras que fazemos na vida.

E foi nele, que eu me julguei e me condenei por ter afastado avô e neta em um momento delicado, que envolve a saúde de uma pessoa idosa.

Se eu não tivesse puxado assunto, se eu não tivesse convidado para almoçar, se eu não tivesse me oferecido para ir à chácara... Se, um monte de "ses".

Eu só queria ter alguém legal pra conversar. Mas isso acabou muito mal.

Saí do banheiro enrolado em uma toalha e secando o cabelo com outra.

Me vesti, e logo em seguida me deitei. Liguei a TV para ver algum filme ou série.

Comecei a assistir e durante os quinze minutos iniciais eu consegui prestar atenção, mas depois falhei miseravelmente.

Perdi totalmente o foco e a concentração.

Tentei cochilar um pouco, virei de um lado para outro na cama até conseguir dormir.

Cochilei por bastante tempo, levantei e fui até a área externa. O pôr do sol anunciava que a noite estava chegando.

Fiquei um tempinho fora tomando um ar fresco.

[...]

Voltei para dentro de casa para fazer algo para o jantar.
Fiz um peito de frango grelhado e cozinhei batata doce.
Tudo ficou prontinho em meia hora.

Jantei e aproveitei para ligar para minha irmã que mora na Itália.

– Oi, Lupe. Como está? – digo assim que ela atende.

– Oi, hermano. Estou bem e você? – ela responde.

– Mais ou menos. – digo.

– É por conta da história das fotos com a moça, né?! – ela pergunta.

– É. – digo.

– Você está namorando com ela? – minha irmã pergunta.

– Não. Na verdade nós estávamos começando uma amizade. O avô dela tinha o sonho de me conhecer e aí eu acabei puxando assunto com ela, a convidei pra almoçar e depois fui almoçar com a família dela. Foi aí que as fotos foram tiradas. – eu explico a situação.

– Foi a família dela que postou as fotos? Então eles estavam querendo aparecer. Cai fora dessa dessa aí, Jony, é cilada. – minha irmã diz entendendo mal tudo que aconteceu.

– Não, Lupe. A família dela não é assim, só a tia que é amarga. E foi ela que postou. Mas a Lili, o pai e o avô são ótimas pessoas. – eu os defendo.

– Nossa, que tia nojenta. – minha irmã diz e eu concordo.

– A Lili ficou muito mal com isso e pediu para a gente não ter mais contato. – eu continuo.

– Sério? Ela deve ter ficado porque pelo o que eu li, foi muito pesado. – Lupe fala.

– Ela acabou voltando para Londres, onde morava. E eu fiquei me sentindo muito mal, porque o avô dela está doente e ela veio pra ficar perto dele. – desabafo.

– Mas você não tem culpa. As pessoas é que julgam sem conhecer. – Lupe me consola.

– Eu sei, mas mesmo assim eu estou mal. – digo.

– Micaela deve está pensando que você traiu ela. – minha irmã diz.

– Mas eu não traí. A gente viu que não dava mais certo. Ela queria uma coisa e eu não podia acompanhá-la. Ali foi decretado o fim do nosso relacionamento. – explico.

– Você está apaixonado por essa moça das fotos? – ela pergunta e eu me assusto.

– Apaixonado? Não. Como eu te disse, nós estávamos começando uma amizade. – explico mais uma vez.

– Será que é só amizade mesmo? – ela diz rindo.

– É só amizade. Quer dizer, era. – digo rindo também.

– Vou acreditar em você. – ela diz, mas eu não sinto confiança.

– É a verdade. Era só amizade mesmo. – falo novamente.

– Vamos ver o que o futuro dirá. – Lupe diz.

– Deixa de onda, Guadalupe. – digo e ela faz sinal de silêncio.

– Vou deixar você comer sua gororoba em paz. Tchau, hermano. Se cuida! – ela diz.

– Tchau. Se cuida também. Te amo. – digo e desligo.

Assim que terminei a conversa com minha irmã, cuidei em terminar de jantar.

Depois lavei os pratos e subi para meu quarto.

Deitei, liguei a TV para ter a falsa sensação de companhia e fui olhar o insta.

Tinha uma foto da Lili em Londres, com a legenda "De volta". Pelo jeito ela voltou de vez pra lá.

Confesso que estou sentindo falta das nossas provocações. Saudades de conversar com a vice.

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Já tem dias que eu estou tentando escrever esse capítulo, mas o bloqueio criativo me pegou.

Votem e comentem para mais capítulos.

Gracias por lerem até aqui!

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PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora