VINTE E TRÊS

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ELISA MONTENEGRO

Cheguei em Londres e meu irmão estava me esperando no aeroporto.

– Estava com saudades de você, Lisa. – ele fala quando a gente se abraça.

– Eu também estava com saudades de você, meu irmão. – respondo.

– Vamos? – ele chama pegando a minha mala.

– Vamos. – digo e a gente sai.

– Carla está em casa? – eu pergunto assim que entro no carro.

– Sim. Está! – ele responde.

Seguimos pelas ruas de Londres e fomos para o apartamento deles.

– Sentiu saudades daqui? – meu irmão pergunta.

– Não. – digo rindo.

– Não?! – ele pergunta incrédulo.

– Não. Gosto muito daqui, mas aqui não tem o bom humor do senhor Luis Montenegro. – eu digo e ele concorda.

– Como ele está? – me pergunta.

– Bem. Esses dias ele está bem. Mas tem que ter muitos cuidados. – eu explico.

– Assim que eu tiver uma folga vou vê-lo. – ele diz e eu concordo.

– Faça isso, ele vai ficar bem feliz. – eu sugiro.

– Depois precisamos conversar sobre essa história de você está ficando com o Calleri. – meu irmão diz e eu olho revirando os olhos.

– Ah não, não quero falar sobre isso. – eu falo virando para o lado oposto.

– Lisa, eu quero saber tudo. As pessoas falaram absurdos sobre você. – ele diz.

– Justamente, Marcelo, foram absurdos, eu fiquei muito mal com isso, quer dizer, ainda estou. As pessoas pegaram muito pesado comigo. Eu nunca fui amante de ninguém. – eu falo com a voz alterada.

– Calma. Eu sei que não. – ele diz.

– Por que nossa tia fez isso? – ele pergunta.

– Porque é uma amargurada, tem ciúmes do vovô e achou uma coisa absurda eu ter levado o jogador para almoçar com a gente. – explico relembrando o dia.

– Você estava ficando com ele? – pergunta desviando o olhar do trânsito para mim.

– Claro que não. A gente estava começando uma amizade. – digo, mas ele não parece acreditar.

– Ok! – se limita a dizer isso.

– É sério! – insisto.

– Tudo bem. Mesmo que tivesse, você é adulta, desimpedida e pelo jeito, ele também. – Marcelo diz agindo muito naturalmente.

– Mas nós não temos e eu ainda cortei qualquer vínculo que pudéssemos ter. – digo por fim.

Ainda bem que ele encerrou esse assunto, não queria mais lembrar do episódio, nem do jogador.

Só não me arrependo de ter conhecido o Calleri pessoalmente porque isso foi consequência da realização do sonho do meu avô e eu faço qualquer coisa por ele. Mas, em outras circunstâncias, estaria me odiando, arrependida e odiando a todos os envolvidos na história.

A companhia do Calleri me faria muito bem. Eu não tenho amizades em São Paulo, a não ser a Yane, que era minha amiga na época da escola e a gente manteve contato. Porém não era mais a mesma coisa, a gente se falava, mas sabíamos pouco sobre a vida uma da outra depois que eu vim morar em Londres.

PARA SEMPRE - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora