Letícia
Pela primeira vez estou vendo Matheus desse jeito, eu não me importei porque depois de tudo que passamos é bom ver ele leve e feliz. Enquanto ele subia as escadas se apoiando para não cair virei e acariciei os cabelos de Michele.
- Filha. - Ela suspirou e abraçou a almofada. - Princesa, vamos para o quarto. - Sorri quando ela fez uma careta e piscou diversas vezes antes de sentar esfregando o rosto.
- Que horas são? - Me olhou confusa.
- Passa das duas da manhã. - Sentei do seu lado e ela aproximou seu corpo do meu.
A envolvi com um abraço e beijei seus cabelos.
- Que foi? - Ela sorriu.
- Nada, gosto de ficar assim com você. - A abracei forte.
- Meu bebê de quinze anos.
- Cadê o papai?
- Subiu, bebeu um pouco a mais hoje. Vamos subir? - Concordou levantando.
Peguei o edredom, mas antes de subir fui até a caixa de medicamentos que estava no armário e peguei dois comprimidos de engov para Matheus. Enchi uma garrafinha com água e segui com Michele até seu quarto.
Enquanto ela ajeitava a cama, liguei o ar e a vi deitar embaixo do edredom.
- Como foi a noite? - Perguntei sentando ao seu lado.
Ver os olhos de Michele brilhando me fez voltar no tempo, quando eu queria conversar com minha mãe e não podia. Cansei de fazer isso no banheiro enquanto chorava de saudade, não estou desmerecendo o amor da minha avó, mas certos assuntos eu não me sentia à vontade para conversar às vezes por conta da idade dela.
- Ele me beijou. - Sorri da sua confissão. - A gente não tinha ficado ainda.
Michele senta e começa a me contar, eu havia percebido a troca de olhares entre eles na escola, mas percebi também que Michele evitava se aproximar e agora descubro o motivo. Ela se sente inferior em relação as meninas do segundo ano.
- Você é linda, óbvio que ele iria olhar para você. - Acariciei sua bochecha e ela sorriu.
- Ele disse que tinha medo do meu pai. - Foi impossível não gargalhar.
- Você tem um pai incrível meu amor.
- E uma madrasta maravilhosa. - Ela me abraça e meus olhos ardem por conta das lágrimas se formando.
- Estarei sempre aqui.
- Lê, quando eu vou saber que chegou o momento certo? - Ela se afasta com o rosto corado, sorri entendendo o que ela estava tentando dizer.
- A gente nunca sabe, mas faça com alguém que se importe com você, porque será uma lembrança que ficará para sempre. - Senti um nó se formando na garganta. - Se não for com uma pessoa bacana, você pode acabar se arrependendo. - Michele secou meu rosto, não percebi que estava chorando por conta das lembranças.
- Desculpa.
- Está tudo bem, posso te confessar uma coisa? - Concorda. - Eu me arrependo até hoje de ter terminado o primeiro encontro com seu pai tão cedo. - Ela sorri. - Ele era o meu cara certo, mas eu estava com medo.
Michele volta a me abraçar.
- Se você está pensando nisso, é importante saber o porquê. Se tem alguma amiga te dizendo para transar logo, pense de novo e de novo. Saiba que cada uma tem um momento diferente e você vai saber o seu. - Afastei e segurei seu rosto delicado. - Você e o Bruno estão começando a se entender agora, devagar vão se conhecendo, e se tiver que acontecer vai, se não ele vai entender. E se ele não entender, ele não é o cara certo para você meu amor.
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Ligados pelo acaso
RomanceEm uma viagem ao lado do seu melhor amigo, Letícia Alves teve uma noite incrível com um homem onde compartilhou seus sonhos e segredos mais íntimos, mas ela nunca soube de fato quem ele era. Ela só não esperava que o destino pregasse uma armadilha...