𝑿𝑿𝑰𝑰𝑰. 𝑸𝒖𝒆𝒅𝒂 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒆

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Aqui, em meio a essa sala vazia e escura, sabia que a morte tinha chegado para me buscar, sabia que minha alma deixara meu corpo fraco e aos prantos, pois os via com nitidez, via meus pais mortos com mais clareza que via Tom a alguns minutos

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Aqui, em meio a essa sala vazia e escura, sabia que a morte tinha chegado para me buscar, sabia que minha alma deixara meu corpo fraco e aos prantos, pois os via com nitidez, via meus pais mortos com mais clareza que via Tom a alguns minutos.

- C-como? - eu tentava achar palavras pra toda essa loucura, mas as palavras simplesmente fugiram de minha mente.

- Não diga nada - a voz de minha mãe ecoou no breu à nossa volta - Apenas escute.

- Você não está morta, meu amor - meu pai, com sua voz ardente e de um bêbado arrastado, mesmo que não bebesse a ponto disso - Não ainda...

Minha mãe da um tapa em seu ombro, e meu pai logo se encolhe e prossegue.

- Digamos que... Você foi arrastada até aqui, pra ter certeza do que está fazendo, pra não sofrer em sua vida daqui pra frente.

- Aquelas coisas, aquelas pessoas mortas e te arrastando para o inferno, são todos aqueles que sofreram nas mãos daquele que nos matou. - os olhos de minha mãe brilhavam com lágrimas, a única faísca de luz em meio ao breu, refletia nitidamente em seus olhos de oceano - E aquela versão do Tom Kaulitz, é a versão cruel dele, a versão que te assombrou no último ano, a versão que nos trouxe aqui.

- Não podemos dizer nada do que vai acontecer daqui pra frente, meu amor. Não é permitido intervir no seu futuro, mas podemos alertar sobre ele.

Em minha cabeça, apenas a voz dos meus pais enterrados era nítida, as mesmas vozes que cravaram em meu cérebro a um ano, em formas de gritos perturbadores.

- Isso é real? - eu tentava me levantar, mas a dor de tudo o que passei ainda ecoava sobre meu corpo, mais fraco, mas ainda sim persistia.

- Seus sentimentos por ele são reais, suas vontades, desejos, pensamentos, tudo é real e puro, por mais que ele seja tão sujo quando o próprio capeta... - minha mãe diz sínica, ignorando meu estado de choque.

- Lily! - meu pai a olha incrédulo, da mesma forma que ele olhava pra ela ainda vivo quando soltava um palavrão a mesa.

- Eu não estou errada...

- A questão é... - mais um relance de olhar negativo sobre minha mãe, então, ele continua - Não sabemos o porquê o caminho de vocês se cruzam, de uma maneira tão intensa quando nosso amor, que durou a vida toda.... Não foi muito, mas foi a vida toda.

- Isso ajuda tanto... - mato a saudade de ver a origem de minha ironia. Minha mãe dá um paço a frente, sem me tocar, sem mover um músculo a não ser seus pés.

- Almas gêmeas são destinadas a se encontrarem, Lilith - sua cabeça se tomba para o lado e seu sorriso radiante me dá um frio na barriga, me deixa com mais saudade ainda, me faz querer ficar aqui, com eles - Suas almas estão interligadas até o fim de tudo que conhecemos hoje, mas não signifique que você merece sofrer, tanto mentalmente, quando em sua matéria.

- Tente fazer isso dar certo, minha querida - meu pai fica ao lado de minha mãe, a puxando para um abraço pela sua cintura tão puro quando uma gota de água cristalina - Ele já está passando na pele o que vai acontecer se não dar certo. E não se esqueça.

- Estamos sempre com você.

Antes que eu pudesse abrir minha boca ou ir até meus pais para puxá-los para um beijo, um tipo de buraco se abre no chão, me fazendo cair em queda livre sobre... O céu?

Sentia minha respiração cada vez mais bagunçada. O buraco era tão escuro quando a sala em que eu estava, o vento gelado ia esquentando a cada centímetro de profundidade, e podia ouvir gritos de uma voz nada desconhecida.

Tom chama por mim, ele clamava meu nome, e gritava com qualquer um que estivesse do seu lado, ordenando para que eles me trouxessem de volta. Isso era agonizante, não ver nada, ouvir tudo isso em meio a um breu, passar pelo o que passei, rever meus pais mortos! Sentia que ficava cada vez mais louca, sentia que era um surto da minha cabeça a cada centímetro que descia em queda livre. A tentação de não retornar era crescente, o medo de rever Tom era ensurdecedor, mas havia um quente dentro de mim, como voz falando que está tudo bem.

Então me lembro de meus pais falando que estão comigo, e espero que seja real.

[...]

Sentia que estava cada vez mais perto de chegar ao inferno. Sabia que estava em queda por apenas alguns segundos, mas parecia ser uma eternidade. Repassava tudo o que acabara de acontecer comigo, meus pais, almas gêmeas, o Tom em versão diabólica... Tudo parecia ter sido um surto, mas sabia que tinha sido real por esse momento.

Os gritos de ordem vindos de Tom estavam mais altos a cada segundo, via uma luz vermelha abaixo de meus pés, distantes, mas se aproximando, chegando mais e mais perto. Respiro fundo e tento manter a calma, sentindo a dor em meu corpo retornando com mais brutalidade, como antes. Meus pulsos ardem, minha garganta se fecha, e me lembro da faca de cabo preto...

Eu estou chegando, Tom.

[...]

The Purge | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora