𝑰𝑰. 𝑹𝒐𝒕𝒊𝒏𝒂 𝑵𝒐𝒕𝒖𝒓𝒏𝒂

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Olhava pela janela do carro as pessoas se preparando para a Purificação, uns colocando tábuas em suas janelas e portas, outros regando suas plantas azuis em sinal de apoio para o expurgo

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Olhava pela janela do carro as pessoas se preparando para a Purificação, uns colocando tábuas em suas janelas e portas, outros regando suas plantas azuis em sinal de apoio para o expurgo. E do outro lado do muro, os purificadores já compravam suas armas, fantasias e máscaras, espantando os covardes para suas casas, mesmo que ainda faltassem horas para a Purificação começar.

Uma certa ansiedade percorre meu corpo quando me imagino lá fora, assustando os babacas nojentos que chegam perto de mim, com uma M4 em minhas mãos, ou quem sabe com o belo taco de baseball de Jack, com sangue escorrendo e manchando minhas mãos delicadas, enquanto ouço a voz daquele que carrega olhos do demônio implorar por piedade.

- Está tudo bem, querida? - Lauren rouba minha atenção dos machados que refletiam a luz fraca do Sol em vitrines, com cartazes escrito que tudo estava com 50% de desconto para o expurgo. - Parece séria... Mais do que o normal.

- Está sim - digo simples, subindo o vidro do carro e fechando meus olhos, tentando ignorar as palestras de crentes burros e defensores do governo ainda mais burros.

- Quer, é... - Lauren parecia travada, parecia um disco velho que não era tocado a décadas.

- Não, Lauren - respondo a loira, já sabendo a pergunta que minha tia iria fazer - Não quero conversar, mas mesmo assim, obrigada.

- Sabe que pode falar comigo, sobre qualquer coisa - respirei fundo e comecei a brincar com minhas pernas, as balançando na batida da música, ignorando a mulher ao meu lado, que provavelmente iria começar mais um papo sobre como eu estava lidando com toda essa merda - Seu comportamento nesses últimos dias estão estranhos, você parece distante.

Foque na batida, Lilith, foque na batida da canção do rádio velho.

- E sei que hoje é um dia estranho, já que faz exatamente um ano desde que...

- Desde que, o que, Lauren? - pergunto sínica, questionando se ainda era cedo demais para cometer um assassinato contra a mulher que me criava.

- Esqueça, Lilith - ela desiste, focando ainda mais no trânsito a frente, aumentando o som do rádio, e bancando a adolescente emburrada.

Abro meus olhos devagar, e a olho de relance, com uma pequena porcentagem de culpa crescendo dentro de mim, por simplesmente não conseguir conversar com a mulher sobre o que houve com sua própria irmã, por sempre estar na defensiva quando a noite de um ano atrás é citada. Eu tentava falar sobre aquilo, tentava questionar o porquê de sentir esse bloqueio, mas quando me lembrava do sangue fresco em minha boca e da faca que foi usada para tirar a vida de meus pais, a fúria e o desejo de vingança me percorrem como leões em busca de suas presas, prontas para o abate com apenas um movimento errado das ovelhas burras no gramado.

- Desculpa - quebro o silêncio que havia entre nós duas, olhando para o lado de fora novamente, notando uns caras comprando máscaras caseiras e carregando facões com o dobro do tamanho de suas cabeças - Não sei como lidar com tudo isso, ainda é uma merda...

The Purge | Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora