Apesar da água que caía sobre mim ser fria como o coração de um assassino, meu sangue pulsava quente como os rios do inferno. O desespero tomava conta de mim nesse banho de longos e prazerosos minutos, mas a sensação de missão cumprida já podia ser sentida pelos meus nervos a flor da pele, o gosto do sangue fresco e quente quebrava o hálito de menta e hortelã da pasta de dente, apenas uma hora para expurgar e me vingar.
Podia ouvir Emy pulando e atendendo as ligações animada que recebia de nossos amigos, todos aparentando confirmar sua presença hoje a noite, mas minha mente estava ocupada demais para prestar atenção em seus gritinhos. Meu foco estava nos olhos, aqueles olhos que me penetraram nas ruas mais cedo, e que também me atormentara no meu sonho. Nem acredito que a noite finalmente chegou, o dia em que ficarei cara a cara com o assassino de meus pais chegou, fui tão paciente, tão boazinha em me controlar durante um ano todo, mereço ver os olhos que me perturbam sangrarem enquanto a mesma faca que ele usou a um ano atrás perfura seu crânio e minhas doces mãos esmagam suas tripas.
- Vai demorar ai dentro? - a voz que estava ficando cada vez mais insuportável de Emylia sai quase como um berro do lado de fora - Preciso usar o banh- -
- Disse que já estou saindo, porra! - abranjo sem paciência, tendo que repetir a frase pela quinta vez á ruiva, que devia estar quase pronta para tirar algumas vidas hoje.
- Você disse isso á meia hora atrás, Lilith - ela socava a porta sem parar, fazendo com que parecesse que as batidas estivessem perfurando meu cérebro - Te dou cinco minutos, se não saio por aquela porta e não vou com você.
- Já disse que não precisa ir - esmago o sabonete de lírios em minhas mãos, gritando de volta para minha amiga tão burra quando eu recém nascido, que retribui com um mortal silêncio do lado de fora.
Respiro fundo, finalmente aceitando que preciso de ajuda para resolver essas questões de raiva que eu tenho. Retiro o resto do esfoliante do meu corpo com rapidez, ansiando pelas ruas sombrias e vazias que me aguardava fora desse box, imaginando, mais uma vez, os dois pares de olhos mais sombrios que já existiu em toda a existência humana, repassando cada detalhe do que eu faria quando pisasse para fora da porcelana gelada dessa casa grande e sem alma. Uma diversão para os demais e doentes que iriam me acompanhar hoje, logo depois, passearemos pelas ruas do centro de Washington, procurando o ponto fixo dos príncipes da hierarquia governal, a Casa Branca.
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The Purge | Tom Kaulitz
Fanfiction"Mais um ano aguardando ansiosa cada segundo, para a Purificação, mas dessa vez, minha experiência seria diferente das anteriores, não ficando aflita e amedrontada, ansiando para que a noite acabe dentro de meu quarto. Nesse ano, serei eu quem estar...