Já havia me acostumado com o som de gritos, tiros e atormentações pelas ruas. Mas não tinha me acostumado com o silêncio que havia entre mim, meu novo amigo e meu gêmeo. Ninguém disse uma palavra depois que Bill sumiu pela noite, sem dizer uma palavra e discreto como um gato, deixando apenas um risco no asfalto causado pelo seu pneu.
- Boa noite, Mulher de Satã - ele disse enquanto eu ainda tirava sua adaga de dentro da carne do último homem que matei. Um apelido um tanto significativo, já que meu nome não era visto como "luz" na bíblia.
Caminhava pensando e repensando em como essa noite ficou caótica e maluca, em como eu pude matar um ser humano, em como eu adorava aquela sensação, em como eu descobri que um de meus inimigos era um tanto problemático, mas era mais parecido com um anjo do que como o assistente do Diabo. E, é claro, no próprio Demônio, que assombrava-me com seus olhos em chamas e seus lábios tentadores, brilhantes como o fruto proibido do Paraíso. Nas palavras que Bill dissera relacionadas a ele.
- "E ele está ficando louco com isso" - essa frase latejava em minha mente, com sabor e curiosidade para saber até que ponto ele iria para voltar a sua sanidade "normal", mas com medo de saber essa resposta.
Observo as ruas, pessoas em chamas correndo de atiradores, mulheres sem partes do corpo, um casal trepando encima do capo de uma Range Rover branca, e até mesmo um casal de idosos dançando sobre uma poça enorme de sangue e corpos envolta deles, sem falar nas pessoas malucas que pregavam e atiravam para cima em nome de Deus, encima de fontes, pontes e pilhas de mais corpos, alguns respirando.
- "Eu sou um enviado por Deus!" - diziam sempre.
- Não vamos falar mais nada até chegarmos lá? - Georg perguntou receoso, posicionando sua arma para atirar em um cara que vinha correndo igual maluco em nossa direção, sem nenhum tipo de arma.
- Não... - disse Jackson, atirando primeiro na perna do homem doido. Pelo seu tom de voz, notei que o mesmo estava irritado e decepcionado com algo, ou comigo.
- O que eu fiz pra você? - digo pegando minha pistola ao notar que um grupo vinha até nós, usando máscaras de um presidente dos Estados Unidos, da Estatua da Liberdade, e tudo relacionado á cultura desse país corrupto. - Já agradeci pelo o que fez, apesar de parecer ter gostado daquilo...
- Eu...? Acha mesmo que EU gostei DAQUILO!? - ele grita se virando para mim, mas evitando olhar em meus olhos. - Você fala como se eu tivesse adorado matar alguém, como se fosse eu que gostasse de ver ele um ser humano sofrendo em minhas mãos.
- Mas você gosto- -
- Não, Lilith - ele disse mais calmo, também se posicionando para mais um grupo enviado pelo meu Diabo - Não fui em quem tinha brilho nos olhos ao sentir o sangue jorrando na minha cara. Foi VOCÊ quem gostou daquilo, gostou de ver todos eles morrendo em SUAS MÃOS! E não tente usar a desculpa de que eles eram maus ou animais... Porque você fez isso por conta e vontade própria, e é tão cruel e animal quanto qualquer um solto nessa noite.
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The Purge | Tom Kaulitz
Fanfiction"Mais um ano aguardando ansiosa cada segundo, para a Purificação, mas dessa vez, minha experiência seria diferente das anteriores, não ficando aflita e amedrontada, ansiando para que a noite acabe dentro de meu quarto. Nesse ano, serei eu quem estar...