Nyssa Davies
Senti meu coração bater forte em meu peito quando escutei um trecho de uma música, na qual eu não deixava de escutar. Tinha uma melodia contagiante, porém calma e tranquila, as ondas da melodia eram bem devagar, pequenas e não tinha tanta intensidade, então sempre que eu fosse pintar um quadro ou esculpir alguma escultura, eu a escutava. Hoje mesmo, eu estava totalmente à mercê da música, enquanto esculpia uma escultura feminina dançando ao vento como uma verdadeira obra de arte.
Enquanto eu modelava tranquilamente, me senti bem e mais leve, os dias de trabalho na Cafeteria estavam sendo muito exaustivos, e nem era por conta do trabalho ou da clientela, mas, apenas, por conta do Erick, ele sempre providenciava um jeito de me provocar, de implicar comigo sem motivo algum, apenas por diversão dele mesmo. A maioria dos meus colegas no trabalho, também não gostavam muito de sua companhia, e isso me deixava mais aliviada, seria terrível se todos agissem como ele. Conviver com ele é detestável, e eu não sei quanto tempo mais eu posso suportar, todas as coisas que me aconteceram no tempo do colegial me aterrorizam, e ele faz parte da maior parte dos meus pesadelos, como um monstro que me persegue até fora deles. Confesso que tenho um certo medo, e sinto que ele é bem capaz de fazer algo pior do que apenas me derrubar da escada de propósito. Balancei a cabeça rapidamente, tentando me livrar daqueles pensamentos que pareciam me atacar o tempo todo, como um disparo.
Continuei a minha modelagem, passava minhas mãos delicadamente por certas partes, enquanto eu tentava fazer detalhes minimalista e chamativos, a forma feminina já estava tendo uma formação humana e artística, os detalhes pareciam os mais difíceis de se encaixarem, afinal, era a parte mais trabalhosa da obra, mas não era nada que eu não pudesse fazer, apenas levaria um pouco do meu tempo. De repente ouvi alguém batendo na porta da sala, e sem demora fui atender. Sai do meu ateliê e então caminhei em passos rápidos até a sala, me aproximei da porta e então a abri, e assim que meus olhos encaram a pessoa, fiquei levemente surpresa. Já era um pouco tarde, acredito que eram às 19 horas da noite, além de que era segunda-feira, e eu fiquei pensando por alguns segundos o que o Charles fazia aqui. Dei passagem para que ele entrasse em minha casa e assim que fez, fechei a porta atrás de mim e então o encarei, e finalmente percebi o que parecia está acontecendo. Ele não parecia nada bem, seu rosto estava cortado novamente, exatamente no mesmo lugar, e esse não parecia o pior problema, também tinha um pequeno corte perto do seu olho direito e suas mãos estavam com um faixa enrolada nelas, por algum motivo que eu desconhecia. Seus olhos levemente avermelhados me preocupa um pouco, rapidamente pedi que se acomodasse no sofá, e por alguns segundos ele não disse coisa alguma, me retirei da sala e caminhei até o banheiro para lavar minhas mão que estavam sujas por conta do trabalho que eu estava fazendo. Assim que finalizei, voltei para sala e então me sentei do seu lado, esperando ansiosamente que me dissesse algo.
- Charles, o que houve? - Perguntei sem demora.
- Me desculpe, sei que não deveria ter aparecido assim tão de repente, mas...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A jogada de um rei
RomanceAo ter que enfrentar problemas de insegurança e com o seu corpo, Nyssa Davies se perde no mundo da arte e faz de tudo para ser uma nova pessoa, entretanto, nesse meio de confusões e sentimentos, ela acabou conhecendo um rapaz encantador. Depois de...