Capítulo 29|| Quente

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Nyssa Davies

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Nyssa Davies

Hoje pela manhã, decidi fazer algumas pinturas, e talvez me distrair um pouco, eu já tinha recebido o dinheiro das outras encomendas, então não estava tão preocupada, sendo que eu conseguirei pagar a minha faculdade e o aluguel sem problemas, mas mesmo assim eu precisava conseguir um novo emprego urgentemente. Charles estava passando o dia aqui em minha casa, e como ele tinha se mudado para a casa vizinha, suas visitas eram frequentes, mas nada que fosse me incomodar, afinal uma companhia sempre era boa.

A obra que eu estava fazendo era de um jarro de flor, as cores eram escuras e nada vibrantes. Comecei a passar o pincel e dar forma às pétalas, e enquanto eu fazia isso, eu era observada por Charles, que aparentemente parecia bastante concentrado no que eu fazia. Deslizei o pincel formando as pequenas folhas, que tinha um tom verde um pouco escuro, voltei a detalhar o jarro com tons de cinza e marrom usando outro pincel, mas no decorrer do tempo, percebi que faltava algo, eu não sabia muito bem o que poderia ser. As cores se encaixam muito bem, mas eu não entendia qual era o problema, a tela parecia sem vida, mas tenho certeza que não era por conta das cores, afinal, trazia uma harmonia boa a obra.

Suspirei pesadamente e larguei o pincel na bancada, eu já estava cogitando desistir antes mesmo de terminar a pintura. Minha mente parecia uma bagunça, e eu sabia muito bem qual era o problema, só não queria pensar sobre aquilo. Hoje, como era quinta-feira eu iria para o hospital, Dominic insistiu em irmos o quanto antes, já que se for algo muito preocupante, tem que ser tratado o mais rápido possível. Eu me sentia assustada, nervosa e ansiosa, eu não sabia o que poderia ser aquilo, aquele meu problema, mas eu sabia que não deveria me preocupar tanto, talvez realmente nem seja nada, então não devo me preocupar. Antes que eu pudesse pegar o pincel para voltar a pintar, senti a mão do Charles segurar o meu braço, e sem entender sua atitude repentina, o encarei.

- Tudo bem? - Indagou ele, e tirou sua mão do meu braço.

- Sim, não é nada. - Proferi e peguei o pincel. Ele por sua vez, voltou a se sentar em um banco perto da bancada e deu um sorriso sem graça.

- Me desculpe, reagir sem pensar. - Começou ele e eu o encarei. Charles era o único que sabia um pouco do que tinha acontecido comigo, sabia muito bem pelo o que passei, então era compreensivo suas reações, ele prestava total atenção em mim, e sei que lá no fundo ainda se culpava por tudo que já me causou outrora.

- Tudo bem. - Falei, e voltei para o meu trabalho. Charles não disse mais nada, permaneceu calado e voltou a encarar a minha tela, enquanto eu pincelava algumas partes da pintura que já estava sendo finalizada.

Essa semana, a Madre do orfanato tinha entrado em contato comigo novamente, e esse era um dos assuntos que não saía da minha mente. Meu pai, que eu nem sequer conheci ou o vi, queria me ver, conversar comigo, conhecer a filha que abandonou naquele orfanato. Eu nunca tive algo contra ele, mas era doloroso para mim ter que conhecer a pessoa que me abandonou, que me deixou para trás como se não fosse nada. Eu cresci sabendo que nunca seria amada por uma família de verdade, soube até que nunca seria adotada por alguém, sempre fui a garotinha esquecida, e agora sinto que não faz diferença eu ser lembrada. Eu até cheguei a ter esperanças de que um dia eu seria verdadeiramente feliz, ou realizada, mas hoje vejo que tudo foi perdido tão lentamente que chega a ser dolorido. Eu não sei se quero conhecer o meu pai, não tem mais nada que ele possa fazer por mim, eu só queria que ele estivesse comigo no momento que eu mais precisava dele, e agora não faz muito diferença.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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