ㅤ━━━ Capítulo 16

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Seu corpo balançava suavemente para frente e para trás na cadeira de balanço antiga, cujos rangidos ritmados se misturavam aos sons de ave da cidadezinha

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Seu corpo balançava suavemente para frente e para trás na cadeira de balanço antiga, cujos rangidos ritmados se misturavam aos sons de ave da cidadezinha. As ruas vazias estendiam-se, curvando-se e serpenteando entre construções antigas e casas modestas, todas banhadas pelo brilho da luz do sol.

Era uma cidade tão pequena, tão escondida no emaranhado da geografia, que quase ninguém fora de seus limites sabia de sua existência.

Aikyo encontrou naquela cidade o esconderijo perfeito, um lugar onde a simplicidade da vida cotidiana se misturava com a complexidade das relações humanas. Era verdade que a cidade tinha seu charme, com suas ruas de pedra e casas coloridas, mas também tinha seus defeitos.

As pessoas, embora sorridentes e acolhedoras à primeira vista, escondiam atrás de suas cortinas uma natureza menos agradável. Eram mestres na arte da fofoca e não perdiam a chance de espalhar rumores e intrigas. As velhas vizinhas de Aikyo, em particular, pareciam ter feito dela seu alvo favorito, espiando-a com olhares inquisitivos e sussurrando insultos quando ela passava, criticando-a por sua quietude e hábitos reservados.

Mas Aikyo não se deixava abalar. Ela tinha um talento especial para detectar a falsidade e a manipulação, mesmo à distância. E, embora preferisse manter-se distante desses jogos sociais, ela sabia que, se necessário, poderia superar todos eles em seu próprio jogo. Se eles eram venenosos com suas palavras, Aikyo tinha a capacidade de ser duas vezes pior.

O único motivo dela permanecer naquela cidade, era por conta de uma criança.

— Atsuko, o que você acha? — perguntou Nobara, cuja juventude era traída apenas pela maturidade de suas palavras e pelo brilho animado em seus olhos.

Atsuko, o nome que Aikyo escolheu como seu disfarce naquele lugar, estava estampado na carteira de identidade falsificada que ela mantinha escondida. Era o manto sob o qual ela se ocultava desde que deixou as luzes cintilantes de Tóquio para trás, adotando uma nova identidade e uma nova história.

Ela se apresentava como uma jovem de dezenove anos, órfã devido a um trágico acidente que ceifou a vida de seus pais. A dor da perda era o véu perfeito para encobrir sua verdadeira idade; afinal, ninguém questionaria uma alma tão marcada pela tragédia. Assim, com uma mentira tecida em torno de seu décimo sétimo aniversário, celebrado em segredo há pouco mais de uma semana, Aikyo, agora Atsuko, começou a tecer sua nova vida naquela cidade pequena e esquecida, onde cada rosto desconhecido era uma página em branco esperando para ser preenchida com sua narrativa cuidadosamente construída.

— Você está radiante, meu amor — disse Aikyo com um sorriso terno, seus olhos brilhando ao notar a flor delicada que Nobara havia cuidadosamente colocado em sua orelha. A flor, uma pequena obra-prima da natureza, era um contraste vibrante com os cabelos escuros de Nobara, e parecia capturar a essência da beleza simples do jardim da frente de sua casa.

— Ainda bem que você se mudou para cá — murmurou Nobara, sua voz carregada de um alívio infantil, enquanto ela jogava a cabeça na mesa, dramatizando seu desânimo anterior. Um bico adorável se formava em seus lábios, sinalizando uma mistura de brincadeira e genuína felicidade por ter Aikyo por perto. — Eu pensei que nunca mais ia ver pessoas legais por aqui. Você trouxe vida nova para este lugar.

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