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Hayley Marshall

Minhas mãos estavam tremendo, bom, não apenas as minhas mãos, mas o meu corpo inteiro.

O diretor do hospital chamou o meu nome pelos alto-falantes, eu não tenho a menor ideia do que ele possa querer comigo, mas pelo que soube, a gerência está dispensando pessoal pela falta de verba, espero que não seja isso.

— Com licença, o senhor mandou me chamar? — Bati na porta de sua sala.

O Sr. Gerard, é o diretor do hospital a quase dez anos, quando comecei a trabalhar aqui. Nós somos amigos, temos muitos amigos em comum, conheço a esposa dela e simpatizo muito com ela, mas o medo que estou sentindo agora, me faz querer gritar.

— Sente-se Hayley, quero conversar sobre um assunto com você! — Apontou para cadeira a sua frente.

Está bem, tentarei manter o meu emocional firme, para não começar a chorar agora. Eu já presenciei momentos em minha profissão, que teriam me feito cair em lágrimas, mas nunca o fiz, não será agora que farei.

— A Senhora deve estar se perguntando sobre o motivo de meu chamado. — Balancei a cabeça positivamente. — Pode ficar tranquila que eu não irei demiti-la, muito pelo contrário, você é a melhor enfermeira que temos nesta unidade!

— Então,porque estou aqui? 

Marcel arrumou sua postura na cadeira, colocando os cotovelos na mesa e juntando as mãos.

— Hoje recebi uma proposta de emprego para a senhora, tenho um colega no Centro Médico Ochsner, ele soube de seu desempenho nesta unidade e está interessado em te-lá em sua equipe! — Meus olhos se arregalaram, essa é uma proposta e tanto. — Tenho em você minha total confiança, confio de olhos fechados, e por isso aconselho que a senhorita deve aceitar a proposta.

— Não seria uma grande perda para o hospital?

— Hayley, como um velho amigo e não como seu chefe, eu te aconselho a aceitar, você não tem nada a perder, e o salário é muito melhor do seu atual! — Respirei fundo.

Bom, não que eu precise, mas seria muito bom montar uma poupança para o futuro.

Deixe-me contar um pouco da minha história.

Meu nome é Hayley Marshall-Kennedy, tenho trinta e cinco anos, nasci no sul do estado, sempre foram apenas eu e os meus pais. Quando completei vinte anos e entrei na faculdade, conheci o homem que futuramente se tornaria meu marido e grande amor, Jackson Kennedy, nunca conheci pessoa tão doce e gentil como ele, tanto que nós casamos dois anos depois de nos conhecer. Porém, Jackson era delegado, e em um trágico acidente a um ano e meio, se foi.

Meu coração não poderia estar mais quebrado com sua perda, fiquei desolada, me droguei com remédios, até o dia de hoje, após perceber que para Jackson poder descansar eu teria que ficar em paz e aceitar sua morte, não consigo dormir sem tomar remédio.

Antes era apenas eu e os meus pais, tornou-se eu e Jackson, e agora, sou apenas eu, novamente.

— Tudo bem, Marcel, não tenho nada a perder mesmo, eu aceito o trabalho! — Falei ao pensar bastante naquilo.

Trabalho no hospital da criança a dez anos, assim que me formei, consegui o emprego, tem sido dez anos mágicos, eu amo criança, pena que nunca tive uma minha, mas, talvez seja a hora de ir para outro lugar, e deixar o passado no passado.

— Então, minha querida amiga, foi uma honra tê-la conosco por todo este tempo, não tenho a mínima dúvida que será exemplo no Centro Médico Ochsner, orgulho-me em dizer o melhor sobre ti. Mas não esqueça de nenhum de nós, ou vamos assombra-la! — Brincou o meu amigo.

Ele levantou da cadeira, eu fiz o mesmo, e nos abraçamos. Marcel e Rebekah, sua esposa, foram fundamentais no meu processo de luto, nenhum dos dois largou a minha mão em momento algum, sempre estiveram comigo, sou infinitamente grata a eles por isso.

— Não se preocupe, Marcellus, continuaremos como os bons amigos, que somos! — Dei dois tapinhas em suas costas.

Este pode ser o recomeço que estou precisando, depois que Jack morreu, eu apenas existo, trabalho, e trabalho ainda mais, meus pais sempre me ligam ou sempre aparecem na minha casa, Marcel e Rebekah me convidam para jantar com eles, mas não é a mesma coisa, me falta algo, e acho que nunca será preenchido novamente.


(....)

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