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Jackson Kennedy

Dois anos.

Fiquei em coma por dois anos.

No momento que abri os olhos e vi aquele hospital, tive a certeza de que havia conseguido fazer um acordo com os anjos e eles me beneficiaram com uma segunda chance.

Lembro exatamente da noite do acidente, eu e meu parceiro estávamos perseguindo um carro com dois traficantes, quando colidimos com uma carreta, eu senti o carro capotar muitas vezes, mas a única memória que tenho depois disso, é dos médicos tirando o aparelho de oxigênio de mim.

Não tenho a menor ideia de como fui parar lá, ou como sobrevivi. As pessoas do meu círculo familiar me contaram que o Tenente do meu departamento recebeu o relatório de que eu estava morto, e todos pensaram que eu estava morto.

Por dois anos e meio, as pessoas que eu mais amava sofreram pela minha morte, e também, a superaram.

Sabe o que é pior? Acordar e saber que o amor da sua vida seguiu em frente, e está feliz, mais feliz do que você nunca viu, com outra pessoa. E está esperando um filho dessa pessoa.

Conheci o namorado de Hayley, Elijah Mikaelson, irmão de uma grande amiga, Rebekah, ele é um cara muito legal, o desespero dele ao chegar no hospital e vê-la desacordada, acendeu um alerta dentro de mim, foi aí que eu percebi que nada seria como antes.

Agora, estou aqui, na casa dos meus pais, esperando Hayley chegar, para poder deixarmos tudo claro um com o outro. Confesso, estou ansioso por este momento.

— Filho, ela chegou! — Anunciou a minha mãe olhando pela janela.

O meu pai estava na sala, ele levantou rapidamente e abriu a porta, cumprimentando Hayley com muita alegria.

— Seja bem vinda a nossa casa, querida! — Foi a vez da minha mãe. 

— Muito obrigada, Olá Jack, como está se sentindo? — Ela abraçou a todos, incluindo a mim.

— Até agora, tudo bem. E você? — Olhei para sua barriga, onde abrigava o filho que ela tanto esperava.

Hayley é a mulher da minha vida, eu a amei e a amo com todo o meu ser, mas, não sou egoista, não precisa ser gênio para ver como Elijah Mikaelson a ama também, ela esta esperando um filho dele, filho esse que eu nunca consegui lhe dar, mesmo que não houvesse problema clínico nenhum.

Talvez, seja o destino nos mostrando a verdade.

— Vamos conversar lá no jardim, é mais aconchegante! — Falei. Ela balançou a cabeça positivamente.

Meus pais ficaram dentro da casa, e nos deram total privacidade para conversarmos.

— Então, por onde devemos começar? — Ela disse, tão perdida como eu. — Eu não imaginava que pudesse ter uma conversa dessas, não depois de tanto tempo!

— Acredite, eu também não imaginava que nós dois teríamos uma conversa como essa na vida!

Seus lábios tremeram.

— Jack.....— As palravas pareciam sumir.

— Posso começar? Você parece tão nervosa, pode fazer mal para o bebê!

Ela assentiu.

— Está bem. Eu acabei de acordar de um coma de dois anos e meio, que para mim foram mais como dois segundos. A vida mudou, você mudou, meus pais mudaram, os nossos amigos também mudaram, e eu não estou aqui para fazer nenhuma inquisição a você, entendo completamente por tudo que teve que passar e que você seguiu em frente, encontrou um novo alguém que a fez respirar, eu compreendo Hayley!

— Você não sabe como isso me deixa aliviada! — Uma lágrima escorreu do seu olho, ela secou rapidamente. — Estou muito apreensiva, por você, por mim, por Elijah. Mas eu sempre soube, que o homem que eu tanto amei, não poderia ser diferente agora!

Ela segurou a minha mão.

— Jack, eu sofri muito quando você, bom, quando todos pensamos que você se foi. Eu quebrei completamente, pedaço por pedaço, até hoje, eu preciso tomar remédios para dormir, mas, eu consegui me reerguer, os meus amigos me ajudaram, seguraram as minhas mãos e me fizeram levantar. Você não me reconheceria se visse naquela época, eu te agradeço tanto, por tudo que me fez viver, a felicidade que eu senti ao seu lado, mas....

Eu a interrompi.

— Você o ama!

Hayley engoliu seco.

— Sim, eu o amo. Me sinto péssima em tem falar assim, pois, isso vai te incomodar, e não adianta dizer que não, porque eu sei que vai. Me desculpa, Jack!

Ela começou a chorar.

Meu instinto foi levantar e ir até ela, a abraçando.

— Hayley, não precisa se preocupar comigo, você viveu dois anos e meio sem saber que eu estava vivo, não poderia ficar presa a minha memória pra sempre. Não se sinta culpada, porque você não é, Elijah é um cara ótimo, eu o conheci no hospital aquele dia, em momento nenhum ele foi desrespeitoso comigo, e isso só mostra o quanto ele te ama também. Você nunca, nunca, deve se sentir culpada por ser feliz, isso é um direito seu!

Ela continuou a chorar.

— Eu vou ficar bem, quando estiver totalmente recuperado, vou procurar um lugar pra mim, me estabilizar, seguir a vida. Você precisa fazer a mesma coisa, agora mais do que nunca! — Segurei o rosto dela, secando suas lágrimas. — Pelo seu bebê, essa criança pura e inocente, que precisa tanto da mãe dela, não se preocupe comigo, eu sou durão, se a polícia me aceitar de volta, logo, vai ficar tudo bem!

— Você é incrível, Jack!! — Ela me abraçou mais forte ainda. — Eu senti muito a sua falta!

Dei um leve sorriso.

Sabe o que realmente significa maturidade? Saber quando é necessário abrir mão daquilo que você mais ama, pela felicidade.

Eu amo Hayley, e vou amá-la eternamente, mas não posso pedir que ela fique comigo, se fosse uma escolha própria, ela já tinha feito. Ela merece ser feliz, e se essa felicidade for com Elijah, eu estou completamente tranquilo.

— A casa que eu estou é sua, Davina e eu estamos procurando outro lugar! — Ela secou suas lágrimas com um lenço da bolsa.

— Não precisa, podem ficar com a casa!

— Não não, eu insisto, a casa é sua, está no seu nome, é sua por direito militar! — Não tenho como não aceitar, Hayley consegue ser muito insistente quando quer.

Ficamos parados, apenas um olhando para o outro.

A luz que ela transmite ofusca a qualquer um, a qualquer outra. Eu me apaixonei pelo seu jeito, seu carinha, a sua fidelidade, vou ter que sobreviver sabendo que os momentos que tivemos serão apenas memórias a partir de agora, mas sei, que ela estava bem e com alguém que cuida e a respeita.

É assim que acaba pra mim.


(...)

A referência🥹
Estou chorando.

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