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Hayley Marshall

As mãos dele percorreram por todo o meu corpo, fazendo-me arrepiar e suspiros sairem da minha boca.

Estamos os dois em seu escritório, minhas pernas entrelaçadas em sua cintura e sentada na mesa. Seus beijos molhados descem por todo o meu pescoço, permitindo que um sorriso escape dos meus lábios.

— Pai!— Ouvimos o grito de Kaleb na porta da entrada.

Nos separamos rapidamente, comecei a abotoar a minha camiseta, que exibia o meu sutiã de renda. Baixei o short e arrumei o cabelo, pegando os documentos que vim até aqui assinar.

— Ah, oi, Hayley! — Ele cumprimentou-me com um beijo no rosto. — Já está de saída?

— Infelizmente, sim. Vou visitar a sua tia Rebekah, ela tem reclamado que estou muito ausente nessas últimas semanas! — Peguei a minha bolsa.

Meu carro estava estacionado na porta, a casa de Rebekah não fica muito longe daqui, então, não será problema para mim. Acenei me despedindo dos dois, e fui para a casa da minha amiga loira.

Estava um verdadeiro caos lá, Rebekah estava sentada com Noah em seu colo no sofá, a Tv ligada, e roupas e fraudas limpas, bicos, mamadeiras. Tudo espalhado.

— Qual furacão passou por aqui? — Perguntei chamando sua atenção. A loira arregalou os olhos para mim, sua expressão era de cansaço.

— Finalmente você está aqui, estou surtando completamente. — Levantou-se e veio até mim, o pequeno estava sonolento em seus braços, não pensei duas vezes em pega-lo no colo. — Faz pouco mais de um mês que ele nasceu, e eu continuo sendo um desastre absoluto como mãe!

Sua aparência era de completa exaustão.

— Bekah, você está bem? — Sentei ao seu lado, ninando o bebê Noah no meu colo.

Minha amiga olhou-me faceira, e sem delongas, começou a chorar baixinho.

Um assunto muito abordado na atualidade, é a dificuldade que jovens mães sentem em adaptar-se a uma rotina pós-nascimento do bebê. Grande parte, não possui uma rede de apoio e precisa aprender a cuidar daquele outro ser humano sem o auxílio de ninguém, sendo mãe de primeira viagem. Obviamente, em muitos desses casos, a mulher não condições de pagar uma babá ou até mesmo a ajuda de uma mãe, mas este não é o caso da minha amiga.

Rebekah é milionária, tem dinheiro para tomar banho se quiser, Marcel trabalha muito no Hospital da criança, mal tem tempo de ficar em casa para auxilia-la.

Como nossa amizade não existe segredo, resolvi que era a hora de abrir o jogo com ela.

— Beks, eu sei que o pós-parto é o momento de maior vulnerabilidade da mãe, mas eu realmente preciso disserte algumas palavras e espero que você não se aborreça comigo, pois sabes que tudo que eu disser, é para o seu bem. — Coloquei Noah adormecido no Moisés e virei-me para ela, segurando firmemente em suas mãos. — Amiga, seu desejo sempre foi formar uma família, e graças a Deus, você conseguiu realizá-lo da melhor forma possível. Mas, você deve desgastar-se tanto?

— Como assim? — Perguntou confusa.

— Veja só, você sempre me disse que queria muito cuidar desse bebê e da casa sem qualquer ajuda, já que abriu mão de continuar na sua carreira na moda pela família. Mas, você percebe que isso não está saindo como planejado? Que as coisas tem ficado um pouco fora do controle? Não é uma crítica,é apenas um concelho!

Apertei suas mãos.

— Você pode não querer uma babá para cuidar de Noah, mas repense sobre alguém para cuidar dessa bela casa, e assim, você poderá ter total atenção ao seu filho e a si própria, que é muito importante! — Sequei as lágrimas de seus olhos e levantei sua cabeça. — Não tem uma pessoa no mundo que eu conheça, que tenha tamanha sorte de ter alguém como você, da forma que Marcel tem, mas não faça para agradá-lo, faça para agradar a si mesma, como mostrou-me aquele dia no salão!

Minha amiga balançou a cabeça positivamente, concordando comigo. Rodeei meus braços em volta do seu corpo e a abracei.

— Obrigada pelas palavras, você é muito boa em convencer as pessoas! — Sorriu no meio do abraço.

— É meio que o meu dom especial! — Beijei seu rosto. — Agora, vá tomar um banho enquanto eu olho ele!

Aquilo parecia o que ela precisava ouvir, aproveitei seu tempo e organizei parte daquela bagunça enorme, vou ajudar a encontrar alguém de confiança para auxilia-lá aqui, não posso ver minha amiga definhar em um momento que deveria ser o mais feliz de sua vida.

Noah dormia tranquilamente no berço, alheio a tudo e todos, sem nem imaginar o caos que existe no mundo. São momentos assim que pôde-se notar a inocência que existe nesse mundo tão colapsado de ódio, uma criança indefesa, não faz a menor ideia das lutas que se pode travar durante o dia, durante uma vida inteira.

Eu fico bastante emotiva, sempre quis ser mãe, mas nunca fui abençoada com esta dádiva. Estou mais próxima dos quarenta do que dos trinta, daqui a pouco, vai ser impossível que eu tenha um para mim, e honestamente? Eu queria muito um filho.

Jack e eu realizamos uma bateria de exames, todos eles alegaram que tínhamos compatibilidade para ter um filho, mas nunca ocorreu. Talvez fosse um propósito maior, algo divino, que estivesse preparado para o momento certo da minha vida.

Enfim, quando for o momento certo, garanto que Deus não deixará que esse sonho apague, e sim, eu irei tornar-me mãe.

No fim, passei o dia inteiro com Rebekah, ela segurou-me até o jantar.
Acho que nunca conversamos tanto, quanto conversamos neste dia.

Assim que sai de sua casa, a aparência dela estava muito melhor, e conseguimos encontrar uma pessoa de confiança para auxilia-la.

Com a alma um pouco mais leve, cheguei em casa, tomei banho, e sentei no sofá da sala. A porta do quarto de Davina está trancada, o que indica que Kol está aqui com ela. Por sorte, essa casa inteira é a prova de som, só ouvimos algo, caso uma de nos abra a porta.

Depois de muito procrastinar, fui para o meu quarto e apaguei completamente, o dia seguinte seria intenso e de trabalho.


(...)

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