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Hayley Marshall

Vestido preto em um jantar é um sinal desesperado que você não sai com alguém a muito tempo?

Se realmente for, não estou com o vestido apropriado neste exato momento. Elijah buscou-me às sete em ponto, ele estava muito elegante como sempre, um estilo mais descolado que o normal.

— Como você não toma álcool, tomei a liberdade de pedir que lhe preparassem a melhor bebida da cidade! — Estávamos em um restaurante italiano extremamente chique, ele reservou a única mesa no lado de fora, onde era uma espécie de tenda, o mais puro luxo.

— Obrigada! — Agradeci seu gesto. Ele puxou a cadeira para que eu sentasse. — Você sabe como impressionar, não é?

Elijah deu um sorriso landino.

— Esse é um defeito que não quero corrigir! — Sentou em seu lugar. — Você parece nervosa, eu te deixo constrangida? Se for isso, não olhe para mim!

Tive vontade de revirar os olhos.

— Está achando-se muito, Senhor Mikaelson, lembre que não sou uma adolescente que se encanta fácil!

— Eu sei disso, mas é meio impossível não se sentir atraída por mim! — Quase que a bebida escapou pelo meu nariz.

Comecei a ter uma crise de riso, me faltou até fôlego para continuar a conversa. O bom de estarmos sozinhos ali, é que não havia ninguém olhando para nós dois.

— Desculpa, mas isso foi muito engraçado! — Me recompus.

Elijah estava me encarando com a sobrancelhas levantada, esperando que eu explicasse o motivo do riso.

— Estou começando a achar que você está zombando de mim!

— Não seja dramático, está parecendo Davina! — Tomei um gole da bebida.

Devo confessar, tudo ali era extremamente romântico, romântico até demais para o meu gosto pessoal. Elijah buscava o meu olhar o tempo inteiro, não o desviando por um mínimo segundo que fosse, fazendo algo dentro de mim, vibrar.

Estou sentindo um pouco de ansiedade, é a primeira vez que me permito sair com outra pessoa, ou melhor, outro homem. Davina me deu um sacode antes de sair de casa, jogou verdades um pouco dolorosas e verdadeiras na minha cara.

Não é porque Jack se foi, que você precisa ir junto.

Elijah não estaria te chamando para sair, e honestamente, você é uma pedra de gelo, se não estivesse realmente interessado, então pare de ser boba, e vá viver.

As palavras dela martelam na minha cabeça cada vez que trocamos um olhar demorado. Ela está certa, eu preciso viver, e esse jantar não passa de duas pessoas se conhecendo melhor.

— Como é recomeçar pra você? — Ele perguntou quando nossos pedidos chegaram.

Fiquei reflexiva por alguns minutos, antes de responder.

— Confesso que é a parte mais difícil de todas. Honestamente, não sei como evolui o quanto evolui em tão pouco tempo!

— Imagino que seja a maior barra, perder alguém de forma tão cruel. Isso leva tempo para ser absorvido e para que se possa voltar a viver.

— É bem difícil, mas eu sou forte, e segundo meu terapeuta, apesar do trauma ter sido devastador, eu tenho me recuperado em tempo recorde! — Ele sorriu.

Já disso o quanto ele é bonito? Porque ele é, é muito.

No tempo seguinte a essa conversa, introduzimos outras e outras de uma forma tão sútil e leve, que eu parecia conhecê-lo a anos e sermos melhores amigos desde sempre. Elijah mostrou-se digno de confiança, apesar de continuar sendo um babaca metido.

Caminhamos pelo quartel francês, ouvindo o jazz e o sino da igreja ao mesmo tempo, Elijah é muito conhecido, parávamos a cada minuto para que ele cumprimentasse alguém. Tomamos um sorvete, que já se tornou tradição, e sentamos na praça da igreja, observando as senhoras e as crianças ali.

— Tem como outra cidade do mundo ser mais bonita que Nova Orleans? Isso aqui é um verdadeiro paraíso! — Falei encantada.

Como nasci no sul, a minha primeira experiência com Nova Orleans foi aos dezoito anos, quando entrei na faculdade, mudei sozinha para cá, morei em três repúblicas diferentes, aprendi a me virar, trabalhei ganhando mixaria, só pra não precisar depender dos meus pais. No momento que pude realmente apreciar o quão bela Nova Orleans pode ser, já havia passado muito tempo desde que cheguei aqui.

— Mais bonita ainda, é você! — Eu já disse o quão cafona ele é em alguns momentos? Mas eu passei a achar fofo.

— Você pode parar com essas cantadas? Essa barba no seu rosto te torna esquisito!

Elijah sorriu, e eu sorri também. Já disse que as coisas tem sido mais leves do que eu imaginei? Fico impressionada como ele torna tudo mais fácil.

Encontros se tornam maçantes em uma parte do tempo, mas esse, sempre está natural, eu e ele, apesar de nossa idade, conversamos sobre as maiores banalidades possíveis, sem importar sermos velhos demais pra isso.

— Obrigada por isso! — Falei mais tarde, quando ele deixou-me na porta da minha casa.

— Eu que agradeço, você é mais adorável do que eu imaginava!

Senti meu rosto esquentar.

— Quer entrar? Acho que Davina saiu com os amigos, você pode tomar uma cerveja e conversamos mais um pouco! — Mordi o lábio.

Elijah passou a mão no cabelo, ele é realmente muito bonito.

— Eu realmente queria, mas o meu filho está lá em casa, e precisamos ter uma conversa séria! — Seu semblante mudou.

—Tudo bem, fica para a próxima! — Ele assentiu.

Esperei na porta até que ele estive longe da minha zona de visão, acenei para o mesmo, e depois entrei em casa.

Foi uma noite muito agradável.


(....)

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