Capítulo 10

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[...]

Nina

Olho para o lado de fora, através da janela do hospital, constatando que o céu, nublado e sem sol, está imitando os sentimentos que tenho dentro do peito nesse momento.

Faz 36 horas desde a cirurgia do meu irmão... E ele continua desacordado. Nesse tempo só consigo sentir medo de ter demorado demais, de não ter dado certo... Medo de perder ele.

Desde o fim da cirurgia, que durou em torno de 10 horas. Foi necessário reparar o coração e o pulmão, segundo o Dr. Han, caso demorasse até a noite, meu irmão não sobreviveria. Desde então, tive autorização para vê-lo por exatos 2 minutos, sem poder tocar, apenas ver seu corpo frágil, respirando por aparelhos, cheio de fios.

Vê ele ali, tão flagil e indefeso, só fez me sentir ainda mais impotente, meu fracasso com ele me dói na alma. Eu deveria ter dado um jeito... Deveria ter conseguido o valor antes, para não precisamos chegar nesse ponto, para evitar todo o sofrimento que meu irmão passou.

Agora estou aqui, desde a hora que cheguei, com a mesma roupa que fui para... Não sei como devo chamar... Para transar? Ou melhor... Para cumprir o contrato. Não tive coragem de arredar o pé desse hospital, sem antes ter certeza que ele está fora de risco.

- Senhorita Jeon? - A simpática enfermeira que me acalmou no dia da cirurgia me chama, em pé no corredor.

- Sim.

- A senhorita está bem? - Ela me olha preocupada.

- S-sim... - Minha voz soa fraca.

- Oh, não fique assim. O pior já passou... Logo ele vai acordar. - Ela fala de forma calma, se aproxima tocando no meu ombro. - O Sr. Han está te aguardando no consultório médico.

- Ok, obrigada. - Agradeço, afastando da janela, não antes de olhar pela última vez para o tempo nublado e chuvoso lá fora. Suspirando, sigo para o consultório.

Aproximo do corredor, vendo alguns pacientes aguardando para serem chamados. Olho em volta, completamente perdida em pensamentos, só consigo sentir angustiada, medo do que possa ter acontecido para ele me chamar em seu consultório. Até para em frente ao consultório 3, bato de leve na porta duas vezes seguidas, ouvindo a voz do médico quase que imediatamente.

- Entre.

Entro no consultório sem vida, fechando a porta. Minhas mãos estão inquietas e geladas, respirando fundo para tentar manter a calma e não começar a gaguejar mais uma vez, sento em frente ao médico, ainda em silêncio, enquanto ele digita algo no seu computador.

- Desculpe, estava liberando uma receita urgente para um dos meus pacientes. A senhorita está bem?

- Sim Dr., a enfermeira falou que o senhor estava me procurando. Aconteceu algo com meu irmão?

- Tenho ótimas notícias. - Ele abre um sorriso tranquilo. - Seu irmão já consegue respirar sozinho, estamos reduzindo os medicamentos para ele acordar. Até amanhã ele já deve estar no quarto. Ele está evoluindo bastante nessas últimas horas.

- Aí meu Deus. - Dou um pulo sob meus pés, dou a volta na mesa, abraçando forte o médico a minha frente. Sem me dar conta que isso é completamente errado, mas a felicidade não me deixa pensar.

Afasto completamente sem graça, vejo as bochechas dele vermelhas, aposto que a minha está igual.

- Eu sinto muito, desculpa... Eu fiquei tão empolgada... D-desculpa... - Falo sem jeito.

Ele raspa a garganta. - Sem problemas, eu entendo.

- Não vejo a hora de ver os olhinhos dele aberto.

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