Capítulo 32

486 49 37
                                    

Aviso
*Contém cenas de violência.
Se for sensível, não leia.

*Não revisado

[...]

Jungkook

Olhando para o teto do quarto, mais uma vez penso em como minha vida mudou desde que acordei no hospital.

Antes de adoecer, logo após nossa mãe falecer, comecei a me esforçar na escola, tentando dar orgulho para minha irmã. Enquanto Nina, abriu mão de um futuro melhor, se matando para conseguir manter nossa pequena casinha e não ficarmos sem comida na mesa. Planejava convencer ela a aceitar que eu conseguisse algo por meio período para ajudar em casa, por mais que ela já deixava claro que era pra focar nos estudos, pois era pra mim ter um futuro melhor, ela sempre fez questão. Mas as coisas complicaram... Eu adoeci.

Descobrir a doença foi um choque pra nós. O dinheiro que mal dava, precisou duplicar para Nina conseguir um convênio pra mim. Nessa, comecei a fazer tratamento à base de remédios que me ajudasse a esperar pela inevitável cirurgia que era necessária. Nina começou a pegar todos trabalhos possíveis e impossíveis, se matando de trabalhar. Enquanto eu tentava demonstrar estar bem, quando não estava... Tentando manter os estudos. Por um tempo foi assim... Até quase dois anos depois, eu acordar mais uma vez no hospital.

Saber que eu poderia morrer caso não conseguisse a cirurgia, foi o de menos. Sinceramente , não me importava mais. Estava cansado. Cansado de conviver com a dor, tratamento, de ver minha irmã se matar para conseguir manter o tratamento, e eu ali... Doente, morrendo e fazendo ela sofrer. Sendo um peso cada vez maior na vida dela... Mas ao ver o desespero e medo nos olhos da minha irmã, era a pior parte de tudo.

Eu não queria ser um peso mais... Não queria fazer ela deixar sua vida para cuidar de mim... Não queria lutar mais... Do nada, passei a querer descasar. Dois anos de luta, além de não termos o dinheiro para a cirurgia... Seria mais fácil assim. Eu não seria um peso pra ela se finalmente fosse embora desse mundo. Ela poderia ser feliz...

Internado, vi pessoas morrendo a minha volta, parentes dessas pessoas chorando. Pensei que Nina sofreria sim como minha partida, mas recuperaria como recuperamos a partida da mamãe e finalmente, ela poderia ser feliz. Poderia correr atrás dos sonhos delas.

Médicos e enfermeiras me olhavam com pena. Já tinha aceitado que era o melhor pra mim e pra Nina. Isso doía, mesmo sabendo que era melhor, doía saber que não tinham esperanças pra mim, meus dias estavam contados ali... A doença iria vencer e Nina iria ter uma vida melhor.

Não em que momento... Do nada, a pior dor que já senti começa irradiar no meu peito. Vejo enfermeiras correndo até meu leito, médicos aproximando... Mesmo tendo aceitado, medo toma conta de mim. Nesse momento, só queria um abraço da minha irmã. Olho assustado, tentando pedir ajuda pra enfermeira que para ao meu lado. Acho que ela sente pena de mim, pois ao me olha, ela pega minha mão e diz:

- Seja forte. Você vai ficar bem, vai ficar tudo bem... - Olhando pra ela, a falta de ar aperta, junto da dor insuportável no meu peito, o mundo fica escuro pra mim.

Ainda no escuro, em alguns momentos posso ouvir cinversas... Ouço minha irmã girar pedindo pra voltar, prometendo que tudo ficar bem, escuto médico avisando que já pode me levar pro centro cirúrgico... Consigo ouvir pequenas conversas, mas não consigo abrir os olhos, dizer nada... Na maior parte do tempo, o silêncio era minha companhia. Era tão calmo, não sentia dor, falta de ar, medo... Só queria descansar, estava tão cansado... Talvez, essa seja a hora de eu ir encontrar a mamãe, Nina não precisaria cuidar de mim e eu poderia descansar... Ela ficaria bem, não ficaria? Tinha certeza que sim.

Além da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora